Rihanna - ANTi
Entre 2005 e 2012, os fãs de Rihanna se acostumaram a religiosamente com um disco dela todo ano (geralmente em novembro). Mas nos últimos três anos o tal presente não veio.
Não que a cantora tenha sumido de vista, longe disso, já que seu perfil só se fez aumentar nesse tempo. Mas agora está claro que a demora em lançar o sucessor de "Unapologetic" tinha razão de ser.
O fato é que nesse tempo muitos artistas do primeiro time da música pop elevaram, e muito, o nível de seus trabalhos.
Os casos de Beyoncé e Taylor Swift são sintomáticos, ambas com discos que se mostraram não só bem sucedidos comercialmente mas também do ponto de vista artístico, ambos recebendo também o apoio dos críticos.
Rihanna, e seu time de empresários logicamente, com certeza estava prestando atenção e "ANTi" é a grande resposta que ela poderia dar para quem ainda duvidava de seu talento.
Para resumir, esse é o disco pop com o qual toda a produção de 2016 será comparado e, é bem provável que nenhum consiga superá-lo em inventividade.
O trabalho é quase que um disco experimental, ao menos quando o colocamos lado a lado com os lançamentos de outros artistas que gozam de status semelhantes ao dela.
"ANTi" é pop sim, mas não tem quase nada daquilo que se ouve nas rádios mais populares. A cantora certamente andou ouvindo a nova geração do R&B - aquela de Miguel, Frank Ocean e The Weeknd - que está levando a música negra a um novo, e excitante, patamar.
O álbum tem pop, soul, R&B, influência de música jamaicana e é permeado um clima de psicodelia (vide a cover de "Same Ol' Mistakes" do Tame Impala) que deixa tudo muito interessante. Ele também é bastante íntegro e homogêneo, algo surpreendente para uma obra composta e produzida por várias pessoas.
Dito isso, fica a dúvida se a estratégia de lançar o disco gratuitamente, para aumentar a visibilidade do Tidal de Jay Z foi uma boa opção. De qualquer forma, esse espaço foi criado para discutirmos principalmente o lado artístico dos lançamentos, e nesse quesito não resta muito o que falar a não ser que "ANTi" é um retumbante sucesso.
Nota: Nenhum vídeo ou áudio do álbum foi disponibilizado pela cantora no YouTube
Sia - This Is Acting
Além de cantora de sucesso, SIA também é uma compositora bastante requisitada para fornecer material para outras estrelas do primeiro escalão.
Dessa forma, ela sabe, como poucos, os meandros e os jogos políticos que envolvem esse meio, com canções indo e vindo, passando de mão em mão para, com sorte, acabar em um trabalho de algum artista de grande porte.
"This Is Acting" tem esse nome, por ser composto com esse tipo de material.
Ou seja, o que temos aqui são músicas escritas para artistas como Adele, Rihanna ou Demi Lovato e que acabaram rejeitadas ou preteridas - às vezes por canções da própria Sia. É por isso que ela diz que está "atuando" no disco, já que não temos aqui canções pessoais, mas sim músicas compostas com outras vozes - e personalidades - em mente.
Também é provável que Sia tenha feito o disco com uma vontade de dar uma cutucada nas pessoas que dominam o mercado - sejam artistas, empresários ou produtores.
Afinal, é certo apostar que algumas dessas faixas, que um dia se viram rejeitadas, irão se tornar sucesso na voz dela. Tal fato certamente deixará a artista satisfeita e vai fazer muito artista pensar se foi mesmo uma boa decisão deixar essas músicas - a grande maioria delas bem decente - de fora de seus trabalhos.
Ouça "Alive" com Sia presente no álbum "This Is Acting"
Charlie Puth - Nine Track Mind
Esse americano de 24 anos ficou popular depois de postar alguns vídeos no YouTube. Esse é o seu primeiro álbum de estreia - ele já tinha dois EPs independentes no currículo - e chega depois do estouro da divertida "Marvin Gaye (Feat. Meghan Trainor)" e de sua tocante participação em "See You Again" de Wiz Khalifa.
Em "Nine Track Mind", Puth investe mais em sua faceta baladeira do que na festiva. Assim temos um disco bonito, bastante influenciado pela soul music da década de 60 com vários momentos interessantes e outros um pouco mais genéricos.
Felizmente, esses momentos não chegam a comprometer o trabalho. Este é um daqueles álbuns que se escuta com prazer, com um bom número de faixas que podem ser selecionadas para uma playlist.
Ouça "Marvin Gaye (Feat. Meghan Trainor)" com Charlie Puth de "Nine Track Mind"