Little Richard, um dos últimos remanescentes da primeira geração do rock and roll, morreu hoje (9) aos 87 anos. A notícia foi dada pelo seu filho, Danny Penniman, que, falando para a Rolling Stone, disse que ainda não sabia a causa da morte. O músico vinha enfrentando sérios problemas de saúde recentemente.

Richard foi inegavelmente uma das figuras mais importantes de todo o rock, mesmo que sua fase considerada fundamental, tenha durado pouco mais de dois anos, entre o fim de 1955, quando lançou "Tutti Frutti" e janeiro de 1958, quando "Good Golly Miss Molly" (gravada em 1956) chegou ao público. Nesse período ele gravou pela Specialty, depois de ter gravado, sem sucesso, para a RCA e a Peacock.

Richard pode ser considerada a primeira pessoa com visual extravagante do rock, assim como o primeiro a ter seu nome ligado ao homossexualismo dentro do gênero, a androginia era uma de suas características.

Ele sempre teve uma relação confusa com a sua sexualidade, ora assumindo que era gay, como em uma entrevista de 1995, mas também dizendo que isso ia "contra as naturezas de Deus", como falou em uma de suas últimas entrevistas. A postura rebelde e um modo "selvagem" de se apresentar ao vivo, também estão entre o seu legado para o gênero.
Little Richard

Sua influência atravessou gerações e fronteiras: Paul MCCartney é um de seus maiores admiradores e, no começo dos Beatles, era o responsável por cantar as músicas dele quando seus shows eram compostos por covers. Anos depois, a banda regravaria "Long Tall Sally" e o medley com "Kansas City/hey Hey Hey Hey" do cantor, enquanto "I'm Down", de 1965, é a mais clara das homenagens ao músico. Antes do sucesso, Jimi Hendrix chegou a ser seu músico de apoio, em 1965, e, em uma famosa história, foi demitido por querer aparecer mais que a estrela principal do show.

Também é difícil imaginar o surgimento de Elton John sem o pioneirismo de Richard. James Brown, e posteriormente, David Bowie, AC/DC, Michael Jackson e Prince também foram afetados pela música e/ou postura do músico, assim como os brasileiros Raul Seixas e Erasmo Carlos.

Entre outros momentos fundamentais dele estão: "Rip It Up", "Lucille" e "Keep A Knockin'". Seu disco de estreia "Here's Little Richard" é considerado um dos melhores feitos por alguém da primeira geração do rock (na lista de 500 álbuns de todos os tempos da Rolling Stone ele ficou no 50° lugar).
Little Richard

Richard, no auge da popularidade, decidiu abandonar o rock para gravar canções religiosas e nunca mais fez o mesmo sucesso.

Ele voltaria ao rock nos anos 60 impulsionado pelo sucesso da chamada "invasão britânica" de Beatles, Rolling Stones e The Animals e seguiria fazendo shows e gravando discos pelas décadas que seguiram. No Brasil ele só chegou nos anos 90, em duas ocasiões: a primeira em 1993 quando tocou ao lado de outro monumento do rock: Chuck Berry e em 1997.

Little Richard foi um dos nomes a fazer parte da primeira turma do Rock and Roll Hall Of Fame, e era um de seus últimos sobreviventes. Da chamada "classe de 1987" estão vivos apenas Jerry Lee Lewis, que agora faz por merecer o título de "último homem ainda em pé", e Don Everly, uma das metades dos Everly Brothers.

Veja alguns momentos históricos de Little Richard:

Aqui ele canta "Long Tall Sally" e "Tutti Frutti" no filme "Don't Knock The Rock"



"Good Golly Miss Molly"



"Lucille"




"Keep A Knockin'"