A aurora descamba nas dobras do campo Numa geada de julho na grama sofrida De canga e regeira, canzil e embornal Eu junto os meus bois pra outro dia de lida
Assim foi a vida do vô e do pai No cabo de um nove em lavouras de linho Porque assim é a vida na terra vermelha Gastando colheras no mesmo caminho
No boi e no arado o sustento da vida Na verga estendida que não dá refugo E o piá, inocente, no pátio brincando Já anda cangando seus bois de sabugo
Não sabe meu filho que a canga do tempo Amansa os tambeiros mas cobra depois Porque a terra promete, mas ás vezes nos tira Nos leva o arado e as juntas de bois
Por sobre a parelha olhando o horizonte Plantei um futuro que só o tempo viu Na safra perdida a dor mais sentida Do filho crescido que um dia partiu
Ficaram restevas e cercas caídas Num fim de colônia onde o arado cruzou E um rancho tapera testemunha da história Cuidando de um sonho que não germinou
Compositores: Sabani Felipe Tassinari de Souza (Sabani Felipe de Souza), Flavio Luiz Saldanha (Flavio Saldanha) ECAD: Obra #6400261 Fonograma #1858688