Pantera Preta
Eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver
Eu vou viver, nem que pra isso eu tenha que morrer
E meus filhos não tenham que sofrer
Meus ancestrais, venham me valer
Por que o senhor atirou em mim?
Não confundiu nada, apenas mirou e fim
É porque das senzalas, quilombos e guetos vim
É porque eu sou preto, sim!
E vim de onde tinha migalhas, não tinha pães
Vinha jato, vinha cães, viatura, arma em punho, tira as mãos da minha mãe!
África, a minha mãe, África, a minha mãe
E eu não vim sozinho, vim com os deuses, vim com Iansã e
Sangô! Minha mãe sangrou, filho arrancado a força
Nem tinha estourado a bolsa
Minha mãe se chamou Tereza de Benguela, nem grilhão e nem cela
Prende eu, sou que nem ela
Minha mãe mandou força ancestral e nada mata ela
Pantera Preta, esse é o peso de cada pata dela
Por mim, nada trata ela igual lata velha
Ela é Maria, Afeni, Angela, Assata, Armelia
E eu Huey!
Eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver
Eu vou viver, nem que pra isso eu tenha que morrer
E minhas irmãs não tenham que sofrer
Meus ancestrais, venham me valer
Quem policia a polícia em tempos em que polícia nos mata igual água?
Esse dado fato é e recente
Mente sobre o genocídio que você num vê nos vídeos
Enquanto os números do Iml? Crescente
Se tivessem passado o que nós temos passado
Mas só se cê habita a preta pele, cê sente
Um certo medo do futuro quando se tem
Amarildo, Claudia, Mariele: Presente
Luana tá? Presente
Jhonata? Presente
Duda: Presente
Guga: Presente
Ryan: Presente
Ivan: Presente
Peterson: Presente
Kleberson: Presente
Emerson: Presente
Everton: Presente
Akin: Presente
Rakim: Presente!
Cê vê o quanto querem dar fim na gente?
Como um país vai assim pra frente?
Eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver
Eu vou viver, nem que pra isso eu tenha que morrer
E os nossos não tenham que sofrer
Meus ancestrais, venham me valer
Cotas são correção em papel
Reparo, cobrindo, as tuas torres sãos de babel
Cês tão de chapéu, se acha que eu não sei que
Aquelas gotas de veneno, elas não vão virar mel
O lugar que a branquitude racista tá mereceu?
Esse papo de meritocracia já envelheceu
País que a escravidão foi economia base, ele é teu (teu!)
E o mesmo país que já elegeu (teu!)
Político que fede, e esse Shera mais que a Zade
E diferente de quem fez pelo povo, vai escapar de
Ir pra onde eles chamam de xadrez
Entendi, a parte preta é atrás das grades!
Quem viu a babilônia em ação
E brigou pra transformar o Brasil colônia em nação
Luta, levanta, de pé, e tem que ouvir tanta migué
De gente janta filé enquanto cê come ração!
Fora o que já vi de atriz
Ator que te faz acreditar no que a mídia diz
Não é que se cheira, essas flores não são orquídea, lis
Eu sou o povo, olha tudo o que já fiz
Daqui no país do futebol
Povo ligado à raíz luta igual (huey)
Andam na frente e querem que a gente corra atrás
Querem a boa paz e que a gente morra, mas vou viver
Eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver, eu vou viver
Eu vou viver, nem que pra isso eu tenha que morrer
E meus filhos não tenham que sofrer
Meus ancestrais, venham me valer
Compositores: Deryck Alonso Cabrera (D.a.c Beats), David Nascimento dos Santos (Amiri)
ECAD: Obra #37308049 Fonograma #17863985