É resistência viver de arte, palavras, ritmos É amor e respeito a si mesma escolher focar nesses labirintos Para nós é sempre um mundo de riscos Inconstância na venda de livros, discos Mas a certeza de estar em paz com o que oferece para os outros E consequentemente consigo
Já faz tanto tempo que nem sei por onde começar Quando te conheci, eu era tão ingênua Rascunho de gente Sem planos, sem metas Tão etérea! Respirava pequeno como quem fazia o mínimo esforço pra não atrapalhar Era oportunidade rara compartilhar silêncio na sua presença Observava... aprendia E deixava reverberar
Você chegou de mansinho Invadiu meu forte Abriu caminhos Me deu um norte!
Me deixei levar por sua harmonia Por entre seus enredos E aos poucos, corpo e mente trabalharam juntos Pra desvendar os seus segredos
E quando eu menos percebi Você me ensinou a ser assim... liberta!
E as camadas aqui abertas, expostas São cicatrizes do que não mais me coube e agora Transborda
Eu precisei olhar pra dentro e sem medo trazer tudo à tona Com vc encarei o espelho, as câmeras, as pessoas E tbm aprendi que pra ser verdadeira comigo Preciso falar somente o que cabe na minha boca
Quem diria que havia tanta palavra guardada em um só peito? Quem diria que linha após linha encontraria meu real sustento? E hoje, literalmente me alimento do que escrevo
Resgatei minha autoestima, levantei a cabeça Convoquei uma matilha de lobas que assim como eu, falam o que pensam
Registrando nossas memórias, mudando a narrativa Reescrevendo a história, sendo reconhecidas em vida!
Por todas que sonharam essa possibilidade Por nós que vivemos o agora Pelas que estão no caminho de vinda
Porque toda mulher é palavra fértil Terra sagrada Poesia!