Já fui mudo por muito tempo, agora eu tô mudado Palavras viram letras, e eu um ser transformado Formado em expulsar a mais pura agonia Transformando em textos a minha esquizofrenia
Mania de usar o lápis pra expor minhas verdades Só tinta e papel, sem idade ou identidades Intimidades, expostas e impostas sem apostas Trabalho duro para adquirir minhas respostas
Deixei de ser amordaçado e ganhei um legado Que transformou meus pensamentos em pensamento alado Errado? Não, ele tem que voar livremente Carregando a esperança de mudar minha gente Incoerente? Só entende quem quer ou quem tenta A verdade que guardo neles, é um tanto intensa
Cada rima é como um grito ou uma exclamação Transparecendo e entregando uma emoção Aflição, pois pra minha escrita o tempo é relativo Contaminando a todos como algo radioativo Ativo, ao meu eu, que transcende os meus limites pessoais
Para alguns, uma bela arte, pra outros textos banais Irreais ou reais, reflexo dos ideais Passados pelos meus pais Carregando o único medo de ser igual aos iguais Me transformo em dono do meu próprio tempo como cronos Pois na junção de cada momento, descobrimos quem somos
Uma coisa tão minha que eu afirmo que aquele que leu Sabe exatamente como sou eu
Sou filho do errado que leva ao certo Amigo do longe que se encontra tão perto Amante do brilho claro do escuro Andarilho do passado e conhecedor do futuro A medida certa do exagerado A calma presente no desesperado Cria dos cabarés e vadios poetas Aprendiz de meretrizes e de grande profetas
Violentamente pacifico, pacifista violento Preso em eternos breves momentos Menino homem, projeto de malandro crescido Passageiro e inesquecível, como um sonho perdido Vazio de tudo e cheio do nada Um peregrino espiritual procurando a alvorada
A cada sorriso, uma pequena mudança Cada rima feita uma pontinha de esperança
Cada minuto de silêncio mil palavra pra falar Cada segundo perdido, uma força pra me achar
Aprendi que cada vida tem a sua importância Precisar é artificial, pura obra da ganância Aprendi que confiança é pra muito poucos E que se fodam os cultos, pois aprendo mais com os loucos Aprendi que mesmo velho serei um eterno menino E que sorte pouco importa, eu que faço o meu destino A cada dia vazio me completo com a razão Aprendi que cada verso feito, muda uma multidão Nunca fui bom exemplo, mas aprendi a aprender Precisei passar um tempo cego para conseguir ver
Sou o conflito eterno que vai se tornando maior A mistura de mil pessoas, pressas em uma só Um cardume de vidas passadas, que ainda vive Um poeta, um marginal e um revolucionário em crise Sou uma dose de erva, whisky e de tabaco Malandro preso na maldita crônica de baco