Saco de Ouro
Num saco de estopa com embira amarrado
Eu trago guardado a minha paixĂŁo
Uma bota velha, chapéu cor de ouro
Bainha de couro e um velho facĂŁo
Tenho um par de espora, um arreio e um laço
Um punhal de aço e rabo de tatu
Tenho uma guaiaca ainda perfeita
Caprichada e feita sĂł de couro cru
Do lampiĂŁo quebrado, sĂł resta o pavio
Pra lembrar do frio eu também guardei
Um pelego branco que perdeu o pĂȘlo
Apesar do zelo com que eu cuidei
Também o cachimbo de canudo longo
Quantos pernilongos com ele espantei
Um estribo esquerdo, que guardei com jeito
Porque o direito na cerca eu quebrei
A nota fiscal jĂĄ toda amarela
Da primeira sela que eu mesmo comprei
LĂĄ em Soledade na Casa da Cinta
Duzentos e trinta, na hora eu paguei
Também o recibo jå todo amassado
Primeiro ordenado que eu faturei
Ă a minha traia num saco fechado
Num canto encostado, que eu sempre guardei
Pra mim representa um belo passado
Da lida de gado que eu tanto gostei
Assim enfrentando um trabalho duro
E fiz o futuro sem violar a lei
O saco Ă© relĂquia com seus apetrechos
Não vendo e não deixo ninguém pÎr a mão
Nos trancos da vida aguentei o taco
E o ouro do saco é recordação
por nelson de campos
Compositores: Jose Caetano Erba (Caetano Erba), Jose Plinio Trasferetti (Paraiso)
ECAD: Obra #32251 Fonograma #4748Ouça estaçÔes relacionadas a Berenice Azambuja no Vagalume.FM