Oi pampa amigo, meu chão querido Cantes comigo Porque está ficando esquecido Eu tenho sangue do negro Daquele que no tronco apanhou Com espanhol e charruas A minha raça cruzou Mas é grande o meu apego Pelo chão que me criou Eu sou trança de três tentos Que a própria vida trançou
Oi pampa amigo, meu chão querido Cantes comigo Porque está ficando esquecido Eu sou o perdigão Que assovia lá na coxilha Com o berro triste do touro Nas tardes frias e sombrias Piazito antes de clarear o dia Levantava pra tratar o terreiro E ia apoujar na vaca O teto que era pro terneiro Oi pampa amigo, meu chão querido Cantes comigo Porque está ficando esquecido Em pleno mês de dezembro Com sede já fui obrigado A beber água no rastro Do casco do boi afetado E também já trabalhei De enxada, arado e machado E também já ginetiei No pelo de um potro aporreado
Oi pampa amigo, meu chão querido Cantes comigo Porque está ficando esquecido No dia que adoeço Com doutor nenhum eu me trato Eu vou no curandeiro Nas raízes, nas ervas do mato Sou moça lá do interior Em nada pude me formar Mas os laçaços da vida Me ensinaram ao mundo enfrentar
Oi pampa amigo, meu chão querido Cantes comigo Porque está ficando esquecido
Compositores: Berenice da Conceicao Azambuja (Berenice Azambuja), Paulo Martins de Araujo (Paulo Martins) ECAD: Obra #6705783