Quem tinha era não era Quem era quando era ser Porque o ser é quem dera No mundo estar para ter
No raso que tem o fundo Do mundo quando não tem Lá onde a cobra não pia E a morte é vida de alguém Meu olho mira o espanto De Deus estar numa flor Tomando banho de cuia Se rindo do que criou
O mundo é plano virado No elo do que já foi Quem dá bom dia a cavalo Dá boa noite pro boi Olho por olho no dente Que gira na carrapeta A fome sem dentadura Roendo o pão do capeta
Ê, mundaréu Cabelo não cresce em ovo Nem a lua cai do céu
Brasília não é São Paulo Ziraldo é Caratinga Quem tira pinto azulado Coloca o ovo na pinga
Eu entro dentro lá fora Eu dentro de fora saio Quando almoço não janto Quando balanço não caio
A noite sendo sem lua O dia cego no breu O passo do meu destino Fora do risco morreu Onde começa e termina O quando se pode agora Ser da largura do mundo E ninguém ficar de fora
Ê, mundaréu Cabelo não cresce em ovo Nem a lua cai do céu
O grande olho do rei Estando em todo lugar No pensamento pensando Se pode ver meu pensar Pensando que o fim do mundo È longe nos cafundéu Onde começa e termina Os quintos do mundaréu