BRAZA
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Pedro Pedreiro Parou de Esperar

BRAZA

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Nasci pobre, favelado, sem recato e sem madrinha
Vi meu pai estuprar minha mĂŁe, muito doido de farinha
Logo cedo fui pro mundo, assaltar, catar latinha
Tinha sangue nos meus olhos porque a raiva me convinha
Cresci na rua e vi a crua crueldade do animal
De cimento fiz a cama e de grades meu varal
Desprovido e excluĂ­do no sentido literal
Menos apto segundo o darwinista social
Aos vinte veio a sorte num abrigo milagreiro
Onde aprendi as letras e o ofĂ­cio de pedreiro
Acordava ainda escuro, no flagelo por dinheiro
NĂŁo esperava do futuro o alĂ­vio derradeiro

ConstruĂ­ um shopping onde eu nunca passeei
Prédios e escolas onde eu nunca estudei

Ao lado de mariléia eu formei uma família
E o amor que nunca tive, vi nos olhos da minha filha
No mar competitivo meu lar era uma ilha
AtĂ© que um dia o infortĂșnio cruzou a minha trilha
Canelas pretas e blindados invadindo a favela
Gritaria, moto-taxis, confronto na viela
Um senhor de braços fortes como um escravo de benguela
Agonizava nos meus braços, alvejado na costela
Toda a minha vida e o que vira até então
Fez sentido nas palavras desse velho anciĂŁo
"vĂ­timas e algozes, todos somos, todos sĂŁo
Nas metrĂłpoles em chamas, irmĂŁo contra irmĂŁo"

NĂŁo espero mais a morte, nem o norte nem o trem
Eu me chamo pedro, e vocĂȘ sou eu tambĂ©m

Compositores: Danilo Ferreira Alves Cutrim, Vitor Isensee e Sa (Vitor Isensee), Nicolas Christ Fassano Cesar (Nicolas Christ)
ECAD: Obra #14552163 Fonograma #12130662

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