Quando a chance vêm Quantos se mantém A vida sabe bem Há sorte pra comprar A morte há de esperar Quanto vai pagar
Tomás, rapaz de bem Andava mal, vinha de trem Sonhava um feliz natal Nunca fez mal a ninguém Raquel, um exemplo de bailarina Ao léu, chorava os pais na Argentina Tinham proposta melhor Preferiram a aposta ao suor Mas tranquilos ficaram Com quilos de ouro Deixaram menina e babá Não tinham do que reclamar Que mais lhes podia faltar
Ele tão bem informado Mal remunerado Um tanto calado Tão bem confortado De ver tanta gente Cuspindo-lhe a mão Quanta desilusão Veio a grande senhora Sem hora marcada A tomar o seu chão Fez-lhe encontrar seu irmão Cedendo a mais nova em troca de pão Nem mãe, nem pai, nem pão Talvez sequer Raquel com nãos Só tinha a televisão Foi-se tornando mulher Sequer sabia o que era amizade Affair, namoros, coisas da idade Principes, fadas e heróis Entre brilhos, fumaças e pós Fez do falso a verdade Da fama estandarte De tudo disposta a apostar E afana se houver de afanar E afaga se houver de afagar
De porta em porta Bem direta ao que queria Dia a dia se deixava Mão a mão que consentia Da demora se queixava Do suesso que não vinha Das promessas se sujava De talento que não tinha Viu-se em desespero Pouco tempo lhe restava Nenhum vento lhe soprava Nenhum gesto acontecia E precisava qualquer sorte que sorrisse Nem que a vida condenasse Nem que a morte lhe servisse
Tomás, rapaz sem bem Nem mais temer a nada Com hora marcada Aposentou a vida De alguém que passava Enquanto o cheque descontava E a moça se ria Já presa e estampada Nas capas do dia