Cacique e Pajé
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Casinha Velha

Cacique e Pajé


Casinha velha de parede esburacada
Que eu encontro abandonada na fazenda Aparecida
A sua porta já não tem mais nem tramela
E a madeira da janela já está apodrecida

Sem varanda, nem sarrilho na cisterna
Só tem um banco sem perna que foi parte da mobília
Casinha velha que não tem mais serventia
Já foi linda moradia de uma bonita família

Casinha velha que ficou tão esquecida
Fez parte da minha vida, ainda vive em minha mente
Eu bem me lembro, tão bonita que ela era
Tinha um pé de primavera cobrindo a porta da frente

Tinha um terreiro com areião bem branquinho
Eu rodava meu carrinho de madeira e carretel
Tinha um piquete um pouco mais pra cima
Um pé de laranja lima que era doce que nem mel

Casinha velha não tem cerca, nem quintal
Virou pasto o cafezal que existia antigamente
E o corguinho que eu pescava lambari
Já não passa mais aqui, já morreu sua nascente

Também morreu o alecrim e a roseira
Do meu pé de pitangueira só restou mesmo a saudade
Casinha velha que já foi minha mansão
Eu te peço meu perdão por morar lá na cidade

Casinha velha, nossa vida se parece
Também o meu alicerce já sofreu tantos danos
Já não suporta mais o peso da saudade
Corroído pela idade e por tantos desenganos

Casinha velha, eu vim pra me despedir
Do recanto onde eu vivi com meus irmãos e meus pais
Casinha velha, a vida é mesmo assim
Tudo dia tem seu fim, adeus para nunca mais

Compositor: Ademar Braga Pinto (Ademar Braga)
ECAD: Obra #3729642 Fonograma #2553545

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