Casinha velha de parede esburacada Que eu encontro abandonada na fazenda Aparecida A sua porta já não tem mais nem tramela E a madeira da janela já está apodrecida
Sem varanda, nem sarrilho na cisterna Só tem um banco sem perna que foi parte da mobília Casinha velha que não tem mais serventia Já foi linda moradia de uma bonita família
Casinha velha que ficou tão esquecida Fez parte da minha vida, ainda vive em minha mente Eu bem me lembro, tão bonita que ela era Tinha um pé de primavera cobrindo a porta da frente
Tinha um terreiro com areião bem branquinho Eu rodava meu carrinho de madeira e carretel Tinha um piquete um pouco mais pra cima Um pé de laranja lima que era doce que nem mel
Casinha velha não tem cerca, nem quintal Virou pasto o cafezal que existia antigamente E o corguinho que eu pescava lambari Já não passa mais aqui, já morreu sua nascente
Também morreu o alecrim e a roseira Do meu pé de pitangueira só restou mesmo a saudade Casinha velha que já foi minha mansão Eu te peço meu perdão por morar lá na cidade
Casinha velha, nossa vida se parece Também o meu alicerce já sofreu tantos danos Já não suporta mais o peso da saudade Corroído pela idade e por tantos desenganos
Casinha velha, eu vim pra me despedir Do recanto onde eu vivi com meus irmãos e meus pais Casinha velha, a vida é mesmo assim Tudo dia tem seu fim, adeus para nunca mais