Cacique e Pajé

Despedida

Cacique e Pajé


Agora velho e cansado sofrendo tanto desgosto
Dentro deste peito meu a tristeza fez encosto?
Quem me vê assim não diz que já fui homem disposto
Era muito divertido e também de muitos gostos

Hoje de cabelos brancos lágrimas descem do meu rosto
Tenho oitenta janeiros guardados em minhas costas
Pelejo pra ver se canto esforço e a voz não solta
Como é que posso cantar, cantar assim se desgosta Meu peito enfraquecido minha voz já está morta

Foi igual ao eixo do carro gastou de tanto dar voltas
Com quinze anos de idade eu era bom cantador
Quando chegava nas festas parecia um beija-flor
Agora estou velhinho desprezado sem amor

Meu peito velho cansado já perdeu seu valor
Hoje quando vejo a viola suspiro e choro de dor
Desprezei minha viola, pendurei ela num canto
Despedi dos companheiros com o meu coração em pranto

De joelhos peço a Deus que me cubra com seu manto
Sei que vou mas deixo a fama, ninguém quebra meu encanto
Vou esperar por vocês lá dentro do campo Santo

Compositores: Jose Severino Balieiro (Joao Ferreira), Antonio Borges de Alvarenga (Cacique)
ECAD: Obra #185198 Fonograma #4702

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