Depois de passar pelas curvas da vida Cheguei rastejando na reta final Pra tirar do peito a saudade doída Resolvi rever o meu berço natal
Passei por chapadas, riachos e serras Por velhos caminhos que não esqueci E sentindo o cheiro de mato e terra Cheguei no recanto onde eu nasci
Não vi o angico da beira da estrada Da antiga porteira só vi o mourão Da casa que foi minha velha morada Só vi seus esteios caídos no chão
Vi risco de lodo na areia branca Mostrando que a água da mina secou Encontrei pedaços de uma retranca Do manso tordilho que a morte levou
No pé do palanque que o tempo tombou Na terra pisada que foi o mangueiro Vi marcas profundas que um laço deixou Tropeando potro e boi pantaneiro
E quase coberto pela relva e cipó Do carro de boi encontrei o cocão Pedaços de ajoujos que foram sem dó Trelando a saudade em meu coração
Sentado no resto de um velho cocho A vida passada fiquei relembrando Olhando as flores de um ipê roxo Senti na garganta um nó me apertando
Uma nuvem de pranto foi tão inimiga Turvou minha vista sem ter piedade Eu fui pra matar a saudade antiga E voltei trazendo uma dupla saudade
Compositores: Jesus Belmiro Mariano (Jesus Belmiro), Jose Dias Nunes (Tiao Carreiro), Antonio Borges de Alvarenga (Cacique) ECAD: Obra #266612 Fonograma #8815