Fui nascido no interior Numa casinha de palha Aprendi desde criança Que só vence quem trabalha Quem tem fé e devoção Os seus planos nunca falha Pensando nessas palavras Fiz da vida uma batalha Mas nem sempre os vencedores Recebem palmas e flores Ou conquistam a medalha
Já lutei com sacrifício Pra poder sobreviver Na longa escola da vida Sei ganhar e sei perder Num estouro de boiada Senti a terra tremer Já peguei mestiço a unha Pra poder me defender Neste mundo, meus amigos Aprendi ver o perigo Sem precisar me esconder
Já passei horas amargas Perdido nas sertanias Enquanto a sorte judiava Mais eu me fortalecia Meus prantos já misturaram Com a chuva que caía Cheguei a salgar a boca Com o suor que descia Já matei a minha sede Com caldo de frutas verdes Que na mata existia
Já contemplei o luar Pousando sobre a macega O peso de uma cruz Só calcula quem carrega Mas o homem que trabalha Tropeça, mas não sossega Renova sua esperança Todas às vezes que escorrega Quem tem um objetivo Luta enquanto está vivo Padece, mas não se entrega
Mesmo sofrendo bastante Nunca pensei no pior Cada vez mais eu sonhava Com um futuro melhor Quem colhe o que semeia Sente um prazer maior Os mandamentos da vida Eu agora sei de cor Hoje moro na cidade E sinto a felicidade Habitando ao meu redor
Compositor: Antonio Borges de Alvarenga (Cacique) ECAD: Obra #2324682 Fonograma #1642340