Há muitos anos atrás No interior que eu fui criado Fui um dos melhor peão Que existiu praqueles lados
Numa daquelas fazendas Aonde eu fui empregado Amestrei um potro preto Que para lidar com gado E como rei das invernadas Ele foi considerado
Certo dia no mangueiro Eu estava distraído Um mestiço furioso Me pegou desprevenido
Se não fosse o potro preto Hoje eu era falecido Como um raio ele enfrentou O mestiço enfurecido Mas eu fiquei homem imprestável E dali fui despedido
No lombo desse potranco Fiz proezas importantes Mas no mundo, meus amigos Nossa vida é um instante
Hoje velho e acabado Igual um mendigo errante Eu fui rever minha terra Pra lembrar o tempo de dante E lá eu vi uma passagem Que me fez chorar bastante
Lá no matador da vila Eu vi o rei da invernada De caminho para o corte Por já não valer mais nada
Eu chamei ele por nome Com a alma amargurada Ele ainda relinchou De cabeça levantada Parece que até relembrou A nossa vida já passada
Sem nada poder fazer Pra aquele que me salvou Meus olhos viram chorando Quando ele no chão tombou
Às vezes chego a pensar Que não existe mais amor Como pode um homem rico Que não tem mais onde pôr Vender pro corte um animal Que tanto serviço prestou
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Teddy Vieira Azevedo (Teddy Vieira) ECAD: Obra #24765 Fonograma #258850