Não crio imagens bombeando o vão das cancelas Da moldura das janelas sob a quincha dos galpões Mas bem montado sobre o lombo do cavalo Botando pealo em rodeio e marcações.
Não crio imagens nos mates ao pé do fogo Envolvido pelo jogo de alguma angústia encruada, Mas sim num grito pra tirar o gado da grota Ou na culatra da tropa que se perfila na estrada.
Não crio imagens de campanha entristecida Pela vida enrijecida no compasso da existência, Mas da alegria e da emoção das carreiradas Nos "bolichos" beira estrada pelos fundos da querência.
Não crio imagens na clausura das paredes Embora as mesma guardem lembranças dos meus, Mas sim liberto num santo altar de coxilha Porque ali estou mais perto, de mim, do vento e de Deus!
Não crio imagens, que acalantem muitas almas! Me falta calma pra saudade e solidão Se isso for imposição, talvez nem seja poeta... Mas a palavra direta me salta do coração.
Não crio imagens dos momentos que não gosto Pois não aposto em parelheiro perdedor, Se a mim me agrada as lidas de campo a fora Crio imagens das esporas no garrão de um domador.
Não crio imagens de trastes dependurados Nem de termos delicados, mas que tem pouco valor, E sim de laços, de bocal, basto sovado... De cachorros ensinados que são gente num fiador
Não crio imagens pra chorar águas passadas Pois enxergo meu futuro muito além dos horizontes, Eu crio imagens pra que se forjem pampeanas Pois no sangue tenho ganas de distâncias e repontes.