Quando a boieira linda aponta De manha no alto da telha O pai-de-fogo acende a ponta Com as faíscas dessa estrela
Seu clarão acorda os galos Chia o bico da chaleira Une os bois toca os cavalos Bota as vacas na mangueira
Na garupa traz a aurora E as cantigas pra o terreiro Lá no cerro imita a espora No garrão do peão campeiro
Sempre a boieira traz o dia Meia légua antes do sol E à tardinha é a estrela guia Que anuncia o arrebol
[Refrão] Relógio do campo Ela acorda o peão E o galo abre o canto Ao enxergar seu clarão Relógio do campo Alumia o galpão E lá no imenso vazio Ela acende o pavio Pra dizer que horas são
Quando o sol, ébrio de sombras lá se vai manco do encontro Dita Vênus, sai das lombas ver se o mate já está pronto
Mesma estrela vespertina vai com os bois beber na sanga lambe o sal dentro da tina e vem dormir junto da canga
Com esta boeira viajada o João-do-Campo se assemelha porque sempre sua jornada vai de uma estrela à outra estrela
Madrugada e arrebol marcam assim a lida campeira muito mais que sol a sol vai da boieira à outra boieira
Compositores: Cesar Oliveira de Souza (Cesar Oliveira), Edilberto Teixeira ECAD: Obra #875850 Fonograma #1304740