Eu fui piazito em muita tosa de manada Juntando cerda e alcançando marca quente Eu fui piazito num petiço enforquilado Pelo banhado, retoçando nas enchentes
Em me criei laçando boi e meia espalda Campeando lida nas boconas me perdi Buscando a volta ao tranco e ao trote calmo Conheço a palmo do São Borja ao Batovi
Andei cruzando atalhos e corredores Pra embalar o corpo numa bailanta encruada Boleava a perna donde tivesse gaiteiro E algum candeeiro que incendiasse a madrugada
Sou da fronteira, sou taura, sou peão de estância E algum feitiço e deixou assim teatino Peguei costume de gostar de china e canha E tirar manha e balda de algum malino
Em carreiradas amadrinhei muita china Em camperiadas apartei brigas de touro De peito aberto repontei zebu da grota Empurrei tropas nos encontros do meu mouro
Por ser guerreiro sempre fui madrinhador Arrodiei muito fogo grande em noite fria Mateando só esperava o arrebol Pra ver o sol repontá as barras do dia
Queimei o lombo em sol quente de verão Branquiei a crina nas cara-voltas das geadas Enredei pêlos de pingo nas maritacas Trompando vacas em banhos e paleteadas
De vez em quando meu coração se adelgaça E as minhas ânsias matrereiam no meu peito Talvez por isso eu ande cruzando estradas Porque me agrada ter nascido deste jeito
Compositores: Rogerio Andrade Vijagran (Rogerio Villagran), Enio Pereira de Medeiros (Enio Medeiros) ECAD: Obra #863022