Claudinho Leite

Utopia

Claudinho Leite


Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A famĂ­lia se ajeitava
Lá no alpendre a conversar

Meus pais nĂŁo tinham
Nem escola, nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante nĂŁo faltava
Seu sorriso, seu olhar

Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estripulia
E mamĂŁe nos defendia
Tudo aos poucos se ajeitava

O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo entĂŁo pedia
Pro papai cantar com a gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar ao sol poente

Passou o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma famĂ­lia
Quando tantos nĂŁo a tem
Agora falam
Do desquite e do divĂłrcio
O amor virou consĂłrcio
Compromisso de ninguém

E há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divĂłrcio nĂŁo viria
Chamam a isso de utopia
Eu a isso chamo paz

Compositores: Claudinei de Araujo Fernandes (Nei), Paulo Cesar de Oliveira (Paulo Cesar)
ECAD: Obra #2905377 Fonograma #12844709

Letra enviada por Baby Planet Digital

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