Pasto
Pasto
Alexandre Crof
Diziam que eu não fazia nada
Mas não sabiam que eu nunca fui assim
Inquieto, com açúcar e afeto
Não me atire nem com bala de festim
Sou o excesso, clamo vetos
Apesar que cresci sem ler o pasquim
Diziam que não ia dar em nada
Mas o bando de impotentes plantou um jardim
Um grande pasto, se flore com atos
Eu te abraço com um vestido de cetim
Do seu gado, um recado, atrasado
Ninguém vai conseguir dormir
Eu saí pra rua
Gritei contra tudo
Não sabia por onde começar
Eu saio pra rua
Grito contra tudo
Eu sei por onde começar
Um lugar que não se cansa
Será sempre uma criança, que recebe de herança
Muita festa e matança
No suor e na luta, do dia a dia da labuta
Milhões de lágrimas, é a seca, é a chuva
Nessa terra sem limites, de um país que eu não sou
Eu não como suas raízes, que se foda minha minha cor
A polícia, o traficante, o favelado
O estudante são espelhos, é a briga do povo contra o povo
Uma viola pra cantar essa poeira do colchão
Ordem e progresso, caos e corrupção
Meu anjo Gabriel, ninguém aguenta mais porrada?
"Meu filho, não adianta olhar pro céu, e ficar sem fazer nada"
Eu cheiro uma coca-cola, pela cura da opção
Pela barriga da Gisele, um arrastão, um caixão, chorão
A gente sai em bloco e o nosso não tem um nome
Já saiu como Francisco, Sergio e das flores surgiu um homem
Um dia foi Caju, Raul, no outro foi Rousseau
Uma leoa era Leão, não se esquece o que passou
Não se esquece o que virá, nessa rua tão fecunda
Não conheço sua hitória, mas sua bunda é minha bunda
A gente sai em bloco e o nosso não tem um nome
Hoje sai Luis Guilherme, Bruno, Leandra, é tanta fome!
É tanto nome, é tanta ong, eu não posso mais julgar
João Luiz, Carol, Fernanda, outro Sergio, Thaila
É o sol do outono, no calor de quase julho
Como nossos pais, barulho, bagulho, orgulho
Essa é a minha cara a tapa
Sem a máscara da vingança, agora eu fiquei doce
É no Face, é no foice
A roda viva girou, o mundo mudou para sim
Pra não, para o fim, para o chão, roda pião
Quando o cansaço bate, uma lança é a mudança
Era um era dois era milhões, cantemos nessa Andança
Compositor: Alexandre Carvalho Rocha de Oliveira da Fonseca Pires
ECAD: Obra #12739150 Fonograma #11338015