Nestes dias de tempos selvagens e incertos

Eu pergunto aos céus vazios

Quem manterá as coisas em movimento, a quem cantar Hosanas

O templo chama, mas não consigo enxergar

qual será a utilidade das minhas orações

E será que este mundo continuará girando

com apenas boas intenções?

Ainda assim, essa linha de pedra preenche o olhar

Incenso, ícones, vindo com força

Aqui vem o esplendor, o ar sagrado e é maravilha ou

Desespero curva meu joelho

A chama moribunda do dia

Os pontos de luz em seu feixe brilham e incendeiam

Diga que não é verdade

que tudo se encerra em uma única faísca

Entre duas eternidades

Vou observar a lua, tirar meus sapatos

Pegar minha velha guitarra

Alimentado com leite e melão, o que podemos desfazer

O desejo curva meu joelho

As brasas moribundas flamejam

Faminto para acreditar, mas ainda assim

Não é verdade que tudo se encerra

Em uma única centelha entre duas eternidades

O abraço meio amargo da noite, estou grato e com medo

Então rezo para que as coisas continuem acontecendo

Eu só tenho boas intenções