Violência gera violência O pânico, o medo já não é segredo Violência gera violência Já faz parte do nosso habitat Chagas abertas - Sagrado coração Todo amor é bondade que o sangue do meu Senhor Jesus Cristo Em meu corpo se derrame Me benza dos pés a cabeça me dê papel e caneta me lave no sangue sagrado Pra que eu possa falar sobre minha vida de pecado Me sirva um copo de Gim - Caso eu não chegue ao fim Violência gera violência O pânico, o medo já não é segredo Já faz parte do meu habitat Eu ligo a tela todos os dias vejo noticiar De mortes ocorridas em diferentes pontos da cidade E eu que sou punido pela lei e condenado pela sociedade Não estava lá Quantos irmãos negros caíram vítimas das ruas Descansem em paz alguns negros que de vocês, o nosso criador precisam mais Há um céu pra cada mil reais Subimos como ricos e caímos como marginais Se eu te disser que nunca pensei em minha própria morte Estarei mentindo Com tudo isso, continuo insistindo pelo mundo melhor pelo mundo mais digno É tempo de se preocupar Outros irmãos negros virão e se pá vão cair Basta fechar os olhos e imaginar Um mundo normal repleto de amor harmonia e paz espiritual Ao abrir os olhos caia na real Vejo os menores de rua se transformarem em marginais Aquelas crianças que ontem brincavam na praça Hoje não brincam, hoje elas matam Em cada esquina um viciado um olhar zumbizado É o desespero do pai ao lado dos filhos que estão sendo velados Infelizmente nem todos têm a mesma sorte Enquanto uns acordam pra vida, outros dormem pra morte Mulheres, álcool e drogas nos chamam A noite é bela e brilha pra acender a chama Num rolê na madrugada num opala preto Prostitutas paga pau camaradas todo movimento Drogas e dinheiro não é tudo Mas é cem por cento Violência gera violência Um nóia deu a minha boca Pilantra do caralho de madrugada roubando bolsa A casa caiu puta que pariu Mas se eu trombar de quebrada já era subiu Mercado negro das drogas cabeças e corpos em orbita Juízo final surge o capital Treta Morte dez real um papelote É duas hora é madrugada uma encruzilhada Pá pá pá Jaz o safado que me caguetou Essa é a lei ladrão maldoso eu sou Vila progresso subúrbio de São Paulo Vietnã Brasileiro pra um filme de guerra Foi palco de morte de um pá de camaradas meus O Português que matava para caralho Guaianazes Malvina Prestes Maia Nazaré A minha gangue é forte só fuzil tripé Rotineiro dia a dia Kemel 1 Kemel 2 Zona Leste periferia Zona Leste periferia Violência gera violência Eu ainda me lembro Costumávamos subir nos telhados das casas Eu e meus camaradas Queimávamos a erva até enlouquecer E ainda doidões gritávamos pra se aparecer Sei que ninguém chora pela morte de um fora da lei Mas tudo bem eu sei eu sei Cárcere privado a liberdade eu vou ao encontro dela De cima da burra trancado em uma cela Em nome de nós os fora da lei Deixe nos andar até nos libertar A vida continua e não pode parar
Compositor: Leonardo de Carvalho ECAD: Obra #1461636 Fonograma #371695