Minha infância foi marcada por ausência de alegria, Meu pai muito trabalhava porém nada possuía - A pobreza nos rondava, com trapos eu me vestia, Vira e mexe eu apanhava pelas artes que eu fazia! Com os pezinhos descalços Enfrentava os percalços Que a vida oferecia!
Eu voltava da escola pertinho do meio dia A panela de feijão no fogo ainda fervia Mamãe servia o almoço bem ligeiro eu comia Preparava isca e vara, rumava pra pescaria Peixe, farinha e verdura Quase sempre foi mistura Que a família consumia!
No varjão muitos preás com bodoque eu abatia Na mira da cartucheira a caça sempre morria - Às vezes jogava bola, do campo logo saia Tinha um gênio enfezado, com todos eu discutia; Eu era de pouca prosa Uma lama revoltosa, Apanhava e batia!
Em noite de São João da minha casa eu fugia Me escondia no moitão e uma fogueira acendia - Ficava mirando estrelas que lá no céu reluzia Apanhava algum balão que acaso ali caía; Eu só voltava pra casa Depois que a última brasa Naquela cinza sumia!
Quando chegava o natal meu peito se contraía É que mestre Nicolau de mim sempre esquecia - Brinquedos eu não ganhava comprar papai não podia, Só mamãe me consolava, ma tirava da agonia; Na retina da razão Ficou gravada a lição Que Jesus também sofria!
Compositores: Osvaldo de Andrade Filho (Osvaldo de Andrade), Osvaldo Franco (Dino Franco) ECAD: Obra #26052 Fonograma #843012