Divino e Donizete
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O Peão e o Ricaço

Divino e Donizete


Me contaram um certo caso que eu achei muito engraçado
Diz que foi em Uberaba que este fato foi se dado
Numa estrada boiadeira um peão vinha cansado
Seu burro tordilho negro de suor tava molhado
Naquela estradinha estreita barranco de lado a lado
O burro cortava chão naquele passo picado

Surgiu atrás do peão um homem rico importante
Ele vinha dirigindo um Cadillac possante
Pediu caminho pro peão num gesto deselegante
Tocando a mão na buzina e buzinava a todo instante
O peão apertava o burro pra ele correr bastante
Mas só pode dar passagem num desvio bem adiante

O ricaço falou pro peão umas palavra malcriada
Não quero ninguém na frente quando eu dou umas buzinada
Meu carro tem cem cavalos e é de marca afamada
E você nesse burro velho pensa que é dono da estrada
Passando o carro na frente ele deu uma acelerada
Encheu o peão de areia e saiu dando risada

O ricaço todo garboso naquele carro macio
Correndo a cem por hora naquela estrada sumiu
Mais adiante na baixada onde tinha um desvio
O seu carro derrapou e da estrada saiu
Ele todo apavorado quis brecar e não conseguiu
E o carro desgovernado foi parar dentro do rio

Dali uma meia hora lá vinha vindo o peão
Ao ver o carro dentro d'água correu de satisfação
Chegando perto do ricaço montado no seu burrão
Fez o burro corcovear levantando um poeirão
E perguntou pro milionário num gesto de gozação
O senhor tá dando água pra sua tropa patrão

Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos
ECAD: Obra #22862 Fonograma #53948949

Letra enviada por Lincoln Greik Dos Santos

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