Eu nunca disse nada Eu inventei Divina ilustre timidez Eu inventei
De quem já sabe do mundo Disfarce do sonho que nasce do impasse de ser Quem já não cabe no corpo Me invade pulsando um ambulante sufoco de ser um só Ser tudo e sobre tudo carne e osso
A mente arde A mente arde
Ilustre timidez Ó ilustre timidez Que eu fiz e me desfez Onde eu errei Eu fiz e me desfez
Se eu der um passo Onde passo essas sensações quase tranquilas Para onde escreve-las nas paredes da vida As palavras fogem Os dramas morrem, dissolvem em lucidez Uma saudade longínqua do sol da tarde que invade Areia e vento que ergue Arde as folhas nos rios compridos, tremidos, corridos Deserto do mundo vazio do passado Oceanos pacíficos de fundo falso do intenso nunca revelado A orgia das coisas que não me deixam voltar
Eu preenchi o vazio com os versos que fiz e me desfez Como uma matéria irritada que implodiu e nasceu Tudo o que resta agora é um resto de sol Fazer de vez o que o corpo e a mente querem outra vez Sem consciência da potencia primitiva da primeira criação terminar em timidez Divina ilustre timidez Que eu fiz e me desfez Que sensatez Eu fiz e me desfez Divina ilustre timidez Eu fiz e me desfez Eu fiz e me desfez