Cada resquício de osso no cemitério improvisado Tem um macabro valor didático Sem escola o aprendizado é no abrigo, no Caps Na caixa de papelão, Cdp, Dp, Cohab Recortar Mini One atrás da parede anti ruído É a Fatec, Etec do mundo verídico A científica no condomínio é o corpo docente Que ensina porque cu de Malibu da marmitex quente É melhor oferecer migalhas pro mendigo Do que ele arrancando à faca chip subcutâneo do filho Desculpa Louis Armstrong em te corrigir Mas não existe nenhum planeta maravilhoso aqui Cursamos a faculdade da medicina aprendida Nos orifícios dos disparos da polícia Onde a matemática não adiciona a digital no spa Quando o homicida for usar ouro pra se embelezar Onde a matemática é somar comentário de arrombado Que aprova menor no poste depois de espancado Dez na matéria não compra o discurso esbranquiçado Não joga o crísio na conta do marginalizado Não é o mano de rifle ou que se dá do nosso cancro O problema não é quem assalta, mas quem constrói o banco Quando levantes e abolicionistas não são estudados Só sobra o Abc da Mauser pra ser decorado
Na escola da vida o material didático Sangra embaixo do jornal com rosto desfigurado Na escola da vida o material didático Tá na tranca da prisão e no Bum no endinheirado
O moleque sem acesso a cultura básica Se torna grão-mestre Nine-nine em pasta Recebe certificado em contabilidade Pra administrar o atacado da cidade Assim nasceu a Camorra, os Cartéis mexicanos A Mara Salvatrucha, os Sindicatos venezuelanos Aprendi que aqui democracia é carnificina Que os crimes hediondos são cometidos pela polícia Que os livros escolares são pra emburrecer E a venda de pinos é opção pra sobreviver Hoje sei que 500 mil vão pras grades Pra que não cobicem os cargos altos da sociedade Que toda cracolândia é obra governamental Entorpecido não faz mobilização social Caminhe comigo pelo jardim do extermínio Onde a árvore do saber só tem fruto proibido Onde o filho da diarista só aprende a sonhar Em ser o preso que dobre o corpo de agente pra escoltar Ou a fazer performance teatral no bingo Fingir que eu sou cliente e esvazio o caixa sorrindo No 157 ganhamos o Bacharelado Pra depois no quadrilátero garantir o Doutorado Aqui quem mata e não cagueta consegue o Mba Assinada pelas Ar15 pintada com tinta spray
Na escola da vida o material didático Sangra embaixo do jornal com rosto desfigurado Na escola da vida o material didático Tá na tranca da prisão e no Bum no endinheirado
Sou inimigo público porque uso caixa e bumbo Pra afirmar que ainda vigora os anos de chumbo Por que quero num freezer como um picolé da Kibon Os que seguem a bíblia de Donadon O sangue no brochura reaproveitado Instrui que o bullying vem no Sedex televisionado A programação induz a desprezar a pele escura O deficiente, o que tem mais gordura Enquanto usamos conhecimento pra raspar numeração Negam cotas pros herdeiros da escravidão Permitimos que o alvo da policia repressiva Não exista geneticamente pra política afirmativa Quando a favela parar de ouvir sobre Armagedom O dominante pode abrir suas safras de Chandon Esse dia vai ser igual quando a Cia Silenciou negros americanos com heroína Não importa o alto calibre do nosso arsenal Se a educação gera Igualdade Social Se é ensino erradicar as leis Jim Crow do brasil Que veda a entrada em bairros pro nosso perfil Já mergulharam ácido no cianureto Pra adaptar uma câmara de gás no seu endereço A dica pra adiar sua estréia no mapa das decapitações É seguir as instruções deixadas pelos caixões
Na escola da vida o material didático Sangra embaixo do jornal com rosto desfigurado Na escola da vida o material didático Tá na tranca da prisão e no Bum no endinheirado
Compositor: Carlos Eduardo Taddeo (Eduardo) ECAD: Obra #11979240 Fonograma #10408503