Covarde
Propaganda subliminar, Hitler, Coca-Cola
VocĂȘ diz que Ă© publicitĂĄrio, que transforma
canalha em herĂłi, sua alma Ă© um extrato
bancĂĄrio, nĂŁo importa se cria ou destrĂłi,
que o artista tem sexo de anjo, que por isso
estĂĄ perto de Deus, copia o poema do
louco, ainda fala para mĂdia que Ă© seu.
VocĂȘ Ă© amigo do vizinho quando ele serve
pra vocĂȘ, pra pegar correspondĂȘncia, pra
avisar quando vai chover, mas se entram
no vizinho, vocĂȘ finge que nĂŁo vĂȘ, apaga a
luz, fica quietinho e nĂŁo Ă© nada com vocĂȘ.
Covarde...VocĂȘ nĂŁo passa de um covarde.
VocĂȘ diz que anula o voto, nĂŁo confia em
mais ninguĂ©m, que polĂtica Ă© coisa suja, nĂŁo
importa de onde vem, mas se o cara na tv
diz que rouba e vai deixar roubar também,
vocĂȘ logo se empolga, Ă© sua chance de
poder se dar bem, vocĂȘ diz que sofreu no
exĂlio, que agora âneoliberou geralâ, que a
guerra fria jĂĄ era, que estĂĄ acima do bem e
e do mal, mas o desejo de ser o primeiro
atropela o seu coração. VocĂȘ trai o bando
inteiro e, depois, pede perdĂŁo.
Covarde...VocĂȘ nĂŁo passa de um covarde.
VocĂȘ diz que ama criança, que criança Ă©
como um bem, mas nĂŁo esconde dos amigos
quando gosta de alguém, mas se o menino
cheira cola e nĂŁo quer fazer michĂȘ, vocĂȘ
explora e joga fora, pra nĂŁo pagar cachĂȘ.
VocĂȘ diz que a cidade tĂĄ cheia, que estĂĄ
na hora de mudar, que o segredo Ă© ir pro
mato ou quem sabe morar no mar, mas se
o homem quer a terra pra plantar e pra
colher, vocĂȘ vem com sua guerra, bota
tudo pra perder.
Covarde...VocĂȘ nĂŁo passa de um covarde.
PĂĄra de olhar pro seu umbigo, vocĂȘ Ă©
daltĂŽnico, nĂŁo viu que o banco cinza do
metrĂŽ estĂĄ reservado para idosos,
deficientes fĂsicos, crianças, mulheres
grĂĄvidas, entĂŁo, levanta daĂ ou se nĂŁo vai
andar de jet-ski no nordeste, constrĂłi um
lago lĂĄ, quero ver, covarde. Quero ver,
quero ver, quero ver, quero ver...Quero ver
vocĂȘ, covarde!
Compositor: Edvaldo de Santana Braga (Edvaldo Santana)
ECAD: Obra #189435 Fonograma #470556