Eu nasci numa data feliz Bem depois do dia dezesseis Por eu ser um menino sem pai Fui criado com titio Inês Titio era cuiabano Nessa lida também me criei
Ele era criador de gado No seu regime me acostumei Tinha laço couro de mateiro Não escapava uma rês do mangueiro Eu deixava correr trinta dia por mês
Fiz viagem pra Mato Grosso Na comitiva de um calabrês Titio me deu um burro pampa Que atendia por nome Truquês Foi tirado da tropa Rio Grande Outra escolha melhor não achei
Eu deixei pra mostrar minha ciência Quando lá em Mato Grosso eu cheguei Eu bambeei a rédea do pampa E o laço pegou pelas guampa Berrava na chincha o zebu jaguanês
Tinha três mocinhas na janela Juvilhana, Clarisse e Inês Uma delas tava me gavando Paulistinha ainda surra vancês Cuiabanos quiseram achar ruim O meu trinta na cinta eu bambeei
Pra mostrar minha ciência melhor Por capricho o mestiço eu soltei Ele tinha as guampa revesa E o laço escapou da cabeça Pelas duas mão eu lacei outra vez
O patrão me chamou lá pra dentro Eu entrei com meu jeito cortês Eu entrei no salão de visita Lá fiquei rodedo das três Perguntou qual era a mais bonita Vejam só que apuro eu passei
Respondi todas as três são iguais Foi do jeito que eu desapurei A mais velha é uma flor do campo A do meio é um cravo vermelho A mais nova é uma rosa quando está de vez
Foi na hora da despedida Foi preciso eu falar o português O meu coração ficou roxo Foi da cor de um alho chinês Eu deixei pra dar meus três suspiros Quando o porto pra cá atravessei
As meninas me escreveram cartas Brevemente a resposta eu mandei Vou tomar minha Sorocabana Quero ver as três cuiabana Vou ver Juvilhana, Clarisse e Inês
Compositores: Adauto Ezequiel (Carreirinho), Lucio Rodrigues de Souza (Ze Carreiro) ECAD: Obra #27642 Fonograma #560528