Quando, seu moço, nasceu meu rebento Não era o momento dele rebentar Já foi nascendo com cara de fome E eu não tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando, não sei explicar Fui assim levando, e ele a me levar E na sua meninice, ele um dia me disse que chegava lá
Olha aí, olha aí, olha aí Ai, é o meu guri Olha aí, olha aí É o meu guri
E ele chega Chega suado e veloz do batente E traz sempre um presente pra me encabular Tanta corrente de ouro, seu moço Que haja pescoço pra enfiar Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro Chave, caderneta, terço e patuá Um lenço e uma penca de documentos Pra finalmente eu me identificar
Olha aí, olha aí, olha aí Ai, é o meu guri Olha aí, olha aí É o meu guri
E ele chega Chega no morro com o carregamento Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador Rezo pra ele chegar cá no alto Essa onda de assaltos tá um horror Eu consolo ele, ele me consola Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo, olho pro lado E o danado já foi trabalhar
Olha aí, olha aí, olha aí Ai, é o meu guri Olha aí, olha aí É o meu guri Meu guri
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editor: Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2008 (09/Jul) e lançado em 2007 (30/Mar)ECAD verificado obra #1663 e fonograma #1378149 em 12/Abr/2024 com dados da UBEM