Vejo um moleque parado no farol Com o olhar sem esperança vendendo seu jornal Vestindo trapos e cheio de fome Pra muitos mais um pobre, um qualquer sem nome.
Seus pés calejados de tanto andar Com o corpo cheio de marcas de tanto apanhar Cansado de ser tratado como um animal, Mais um favelado, futuro marginal.
À tardinha solta pipa ou joga bola Enquanto seus amigos na quebrada cheiram cola Anda livre e solto pelos becos da favela Já conhece a lei das ruas: vacilou, já era!
Segue moleque nessa correria Não se esqueça que amanhã é um novo dia Que vão tentar mais uma vez te derrubar E você terá que ter força pra encarar.
O mundo hoje é assim Não tá nem aí pra você nem pra mim Abra os olhos, encare a verdade Crianças, adultos e idosos famintos pela cidade
E pra sociedade o favelado é só mais um perdido O qualquer sem nome, vulgo bandido Mas com fé em Deus ele continua seguindo em frente Contrariando a estatística e essa corja de dementes