Face da Morte
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Brasil Sem Educação

Face da Morte


Aí Ministro da Educação;
O futuro da nação vai á escola só pela refeição;
Que ás vezes não tem o suficiente pra repetir o prato;
Que ás vezes não tem um arroz com feijão pra comer no barraco;
Aí bate o sinal da merenda;
Aquele moleque com fome agradece ao Estado, nem ta ligado;
Sonegação no imposto de renda;
Aí eu pergunto quem defenderá essas crianças esperanças;
Que não foi á escola por causa do frio ou da chuva;
Que não tem caderno, lápis, sapato nem blusa;
Dificilmente você entende o nosso lado;
O lado forte, o lado pobre, ao mesmo tempo fraco;
Seu filho agasalhado, bem nutrido;
Com chofer até a porta do colégio particular;
Será que você consegue avaliar a situação dessa criança;
Carente, faminta, machucada por dentro;
Fora desiludida e ás vezes até sem família;
E não são poucas as crianças marginalizadas;
E o pior usadas para manter seu conforto;
Luxo, esbanjamento, eu não agüento;
As crianças os seus direitos são privados;
Por vocês seus burocratas;
Aí ministro, Brasil ta sem educação ano 2000, que nada;
É hora da virada.

(2x) Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Meu povo sofre, sofre, se lembre bem disso;
Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Se é que sou bandido de educação eu preciso.

Filhos de ricos, têm professores particulares;
Laboratório de línguas, aulas de arte;
Natação, ginástica e outros mais;
Aquela porra torna recursos áudios-visuais;
Freqüentam essas escolas modelos;
E o pobre três dias na fila não acha vaga pro seu filho;
Que desespero;
O moleque pobre de baixa renda;
Não tem professor, incentivo, merenda;
Que dó, é preciso investir melhor;
O recurso do imposto de renda entenda;
Que não tem dinheiro não tem ensino digno então;
E você ainda diz que investe muito na educação;
Que sonega a educação nega o direito de viver;
Pode crer que eu não sou bobo;
Cadê as faculdades para o povo;
Onde estão as promessas mostradas pela Globo;
Faculdade pública devia ser pública;
Na verdade é freqüentada por playboys sem necessidade;
A vantagem é que vem de escola particular;
Com dinheiro pra pagar curso do pré-vestibular;
E morrer de overdose de tanto cheirar;
Pro pobre o estudo é tudo;
Pros ricos desgraçados é um processo sofisticado;
De recursos, frutos da sociedade desigual;
Origem de todo o mal;
Aí Ministro, Brasil ano 2000 puta que o pariu;
Eu não entendo mais nada, é hora da virada.

(2x) Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Meu povo sofre, sofre, se lembre bem disso;
Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Se é que sou bandido de educação eu preciso.

A escola é caduca, mal ensina, deseduca;
Essa é a sina;
Estamos sem beira nem beira;
Á beira do ano 2000;
Profissão de pobre é pegar em fuzil;
9 milímetros, oitão ou então ser lixeiro;
Gari, servente de pedreiro;
Qualquer sem opção da linha de produção;
Quando envelhece estraga, não serve mais pra nada;
Não funciona como antes;
Te mandam pro concerto no posto do INANPS;
Com cento e trinta e seis reais de salário;
Idoso, aposentado, inválido, ferrado;
Mais um desempregado desgraçado como eu;
Negar a educação é continuar com a escravidão;
No Brasil sou mais um que foi oprimido;
Com aquele salário de fome iludido;
Preciso me alimentar pra poder estudar;
Ou será que o Senhor Ministro da Fazenda;
Arriscaria sobreviver um dia á base de merenda;
Na sexta série do primeiro grau só aprendi o básico;
Dos moleques que estudaram comigo poucos estão formados;
A maioria desempregado, outros drogados;
Alguns morreram, e outros angustiados se entregaram pro álcool;
Eu aprendi na faculdade sou formado á base da verdade;
Não inclua o meu diploma que consegui na escola da rua;
Sou rapper de ideologia forte lutando pelo pobre;
Enquanto minha voz não for calada;
Aí Ministro Brasil ano 2000 que nada, é hora da virada.

(2x) Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Meu povo sofre, sofre, se lembre bem disso;
Aí Ministro sou porta voz desse povo faminto;
Se é que sou bandido de educação eu preciso.

Compositores: Marcos Cesar de Oliveira Guassu (Flagrante), Erlei Roberto de Melo (Aliado G)
ECAD: Obra #212596 Fonograma #30235618

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