Ah se isso matasse menos maldição da vida de Vênus Dor de se nascer pra amar e Dar corpo todo a derreter Liquefeito pode ser que sirva à sede da boca que quer beijar
E boca me quer beijar até Desbotar de sofrimento E fazer a mim de alimento Flor, alma, corpo e o sal do mar
Tudo me entregar e ter Definhando de prazer a língua pede Quer de tudo e quer provar Sabe o mundo e quer mostrar lá
Eu que me vejo por mim já repartido e sem fim Tanto desejo de estar, tanta tolice reter É meninice pensar e dizer Que é eterno Se o toque terno
Encontra o infinito nalgo pequenino Que a boca quer beijar E boca te quer beijar até Ponho pé firme no chão e este peito faz natação
Borboleta feita a mão Vou num vôo multicor Fecundando cada flor que aqui se cede À boca que quer beijar
E boca se quer beijar até Sai do vale e vai subir O topo já se faz ver daqui Lá onde a relva é mais verde
Quando o mundo lá chegar Fundamentalmente amar, sentir e ser-se a boca que quer beijar E boca só quer beijar até
Compositores: Fernando Zorzal Borges (Fernando Zorzal), Conrado Segal de Araujo ECAD: Obra #15091786