Um dia quando o sertão tirar da terra o sustento Do norte soprar o vento e varrer todo espinho O homem pelo caminho nos desafios das léguas A noite mansa faz trégua, toca a viola em ponteio Em um repente sem freio, toada, xote e baião
Um dia quando o sertão deixar de ser um mendigo Ver no poder um amigo que seja bem verdadeiro Os últimos serão os primeiros já foi bem claro o rabino Falar pra que em el nino? em abundante riqueza O pão enfim chega a mesa é tempo de louvação
Um dia quando o sertão se preparar pro saber Da carta do abc e dominar toda ciência Terá auto-suficiência, será do mundo um celeiro Profetizou conselheiro a idos tempos atrás E o nó enfim se desfaz é tempo de redenção
Um dia quando o sertão não esquecer sua história Comemorar suas glórias, mostrar que é povo aguerrido Dançar em solo batido, um forró, côco e xaxado Terreiro todo enfeitado sanfona em plena harmonia Triângulo, zabumba, alegria é tempo de são joão
Um dia quando o sertão for simplesmente isso tudo Ouvir e não ficar mudo puder viver seu papel Não mais beber desse fel que amarga feito jiló Fazer um vôo maior nas asas da alforria Nas brasas da hipocresia não ver queimado o seu chão
Compositores: Francisco Flavio Leandro Furtado (Flavio Leandro), Miguel Filho ECAD: Obra #1159431 Fonograma #1019296