Meu senhor, eu não venho do sertão Não trago o brasão da seca Sou filho da terra do fruto dourado Nascido em solo sagrado transformado em solo sangrento Com o sangue do índio acuado Sangue do dominador violento Com o sangue do jagunço armado Sangue do coronel desatento A mata atlântica é mãe e morada E que por muitos anos e homens disputada Na calada da noite ou na agonia do dia A verdadeira e mais terrível tocaia Preparava-se com olhos da ganância e as mãos da covardia Gritam os caboclos que protegem essa mata Das entranhas da mais triste história já contada Pedem que cante como uma rasga mortalha em noite pálida e fria Agourando assim os que ainda pensam ser donos dessa mata Desvirginada de maneira traumática pelos forasteiros que invadiram a Bahia Meu senhor, eu não venho do sertão Mas conheço bem os problemas trazidos pela seca E não quero ver a nossa Mata Atlântica Que já foi tão viva e tão cheia Transformada em solo penoso Resumindo-se a pedra, poeira e areia.
Compositor: Saulo Silva Serne (Saulo Serne) ECAD: Obra #2248630