Um samba fadado Ao mar do outro lado A pescar histórias, memória ancestral Viaja na bruma da branca espuma Pra encantar no carnaval Vai buscar No vasto oceano o heróico Odisseu Que além do Egeu não se amedrontou Com uma rainha tão só e carente Mulher ou serpente que jurou o seu amor A beira do Tejo nascia Lisboa A musa das loas dos seus menestreis Na praia bravia o ouro escorria E o guardião emergia das marés
Põe no balaio um punhado de magia Das divindades que invadiam o lugar Põe no balaio e amassa com carinho Que do cacho eu faço vinho Pra colheita festejar
N'alma do fado mil e uma noites Doces sabores, velho saber Sonho de Sagres, foi a matamba, herdou o samba, ifá, dendê Portugal das glórias que revelam o passado Ao monstro que sangrou escravizados E veio aportar no mar Que brilha sob o céu de Vera Cruz Um banho de alfazema que conduz O Santo Rosário e o povo de fé Pra cantar o fado tijucano macumbado De amém e axé
Gira baiana perfumada de alecrim Que a Unidos da Tijuca defuma no benjoim Gira na roda a saia de linho rendado Que o fado vira samba, e o samba vira fado
Compositor: Júlio Alves / Cláudio Russo / Jorge Arthur / Silas Augusto / Chico Alves / D'Sousa