Sangue pra sua sede Ódio na sua rede Seus ouvidos têm paredes E as mentiras travam a sua visão Tempos sombrios, peitos vazios Você foi estrangulado Quando o ar ficou pesado dentro do pulmão Sopro de vida mal agradecida Do parto à partida Nossa presença aqui devia ser uma missão Se a vida é um sopro, eu abro a janela Se o mar é de lama, eu uso as minhas velas E busco a luz no fim da escuridão
Vou me libertar da escravidão da mente Exalar o que é impuro do meu coração Mas não quero a liberdade isoladamente Liberdade vigiada é ilusão A calamidade, a banalidade A dignidade já ficou no chão Chove impunidade Quando a lama invade Morre uma cidade, morre uma nação
Anestesiados pelas novidades Vistas pelo Insta ou na televisão Nós compartilhamos nossa insensibilidade Quando atrocidade vira diversão
O suicida estava prestes a pular As pessoas se apressaram pra pegar o celular As memórias estavam cheias e pediram pra esperar "Por favor, não pule agora, nós queremos te filmar! " Ele ouvindo lá de cima não entendia bem E não reconheceu ninguém na rua Mas achou que aquela gente lhe queria bem E que aquela dor não era mais só sua Desistiu de desistir, retomou a calma E todos foram embora quando ele desceu O silêncio aliviou a sua alma E o milagre foi que nada aconteceu
Deus tava vendo um jogo lá no céu Um anjo deu caneta e o outro deu chapéu Não sei se era um menino do Flamengo ou qualquer outro Adolescente da Rocinha, da Mangueira ou do Borel
Quantas mães em desespero choram nos seus travesseiros Toda noite um pesadelo Quantas mais farão apelos pela justiça divina Já que a justiça não veio Pânico, assalto, chacina, estupro, arrastão, tiroteio
Pra eles não importa, gente viva ou gente morta É tudo a mesma merda Os velhos nas portas dos hospitais Crianças mendigando nos sinais Pra eles, nós somos todos iguais Operários, empresários, presidiários e policiais Nós somos os otários ideais A paz é contra a lei e a lei é contra a paz Essa tribo é atrasada demais
A morte é banal Nos filmes, nos games, na vida real Matar é normal Na sala de aula em Suzano E na verba roubada por baixo dos panos
Preconceito racial, social Intolerância religiosa, sexual E os poderosos alimentam a ignorância Que sustenta a sua ganância E tudo fica sempre igual
Sangue pra sua sede Ódio na sua rede Seus ouvidos têm paredes E as mentiras travam a sua visão Tempos sombrios, peitos vazios Você foi estrangulado Quando o ar ficou pesado dentro do pulmão Sopro de vida mal agradecida Do parto à partida Nossa presença aqui devia ser uma missão Se a vida é um sopro, eu abro a janela Se o mar é de lama, eu uso as minhas velas E busco a luz no fim da escuridão
Me libertei da escravidão da mente Derrubei o muro que separa a gente Professores são heróis diariamente Obrigado por plantar essa semente Na mudança do presente, eu moldo o futuro Essa lama não vai ser maior que a gente Vou em frente porque o meu amor é puro É o abraço do bombeiro com o sobrevivente
Compositor: Desconhecido no ECADIntérprete: Gabriel Contino (Gabriel O Pensador) (UBC)Publicado em 2019 (10/Set) e lançado em 2019 (13/Set)ECAD verificado fonograma #19189858 em 14/Abr/2024 com dados da UBEM