Gasoline Drink
Tendo que continuar
Chega o momento
Tento fazer história
Escapam-me os minutos
Olho para trás,
Horizontes sem perspectiva
Olhei para aquilo, e aquilo me olhou.
Há pessoas que não escrevem livros
Por não terem tempo de pesar
Como seria a capa.
Embaixo
Da capa
Havia um tapa
Olhos com lágrimas.
Os olhos nunca se vêem,
Mesmo água calma,
Espelho líquido poluído.
Mesmo olhos abertos e atentos
A todas as direções.
Sem vista,
Vista o tapa na cara,
Olhos nuca (se) vêem,
Embaixo da capa.
Tudo se perde, pessoas se perdem na multidão.
Crianças se perdem dos pais.
Os olhos perdem e vista
Ou se negam a enxergar.
Perdem-se as esperanças, tudo se perde
E nada se reconquista.
A confusão dos carros e dos corpos,
Onde tudo se perde e tudo está perdido.
O rei matou no suicídio, pois como criança
Perdeu-se entre o povo.
O príncipe perdeu o pai, e o posto de filho,
Tornara-se a Nova Máquina.
Pessoas se perdem entre personagens de tv.
Pessoas se perdem no compromisso social.
Pessoas se perdem nas máscaras e em
Pratos de injantabilidade macarrônicas.
Perder é um prazer.
Fácil e barato.
Perder é algo...
A distância é uma tortura,
Que esvazia enchendo de ar,
Enchendo de lágrimas.
Entre os olhos peso enorme.
Mão atada.
Não há como ver.
É a falta,
A perda,
A desgraça,
À distância.
Um champanhe na garganta
Que rendo estourar fortemente.
Olhar os pés de cima,
Olhar o ombro,
Olhar o movimento das mãos,
Dos lábios e dos olhos.
Como crianças,
Com inocência.
Um cordão umbilical inconsciente.
Como a fome,
Sabendo que vai comer.
Mas há Distâncias,
E abismos perseguem os passos,
Onde o mar lava,
Onde se pode morrer no esquecimento,
Onde se foi criança,
Onde já se brincou com os olhos,
Onde já se sorriu,
Onde o mar lavou levado pelas ondas,
Onde se está perdido, e distante
Sem nunca estar perto.
Quando já não há mais confiança,
Onde mora o fim.
Foi perdido na selva,
Onde o cruel desumano,
Onde a falta de amor tem início
E é o fim.
Onde há falta, perda e distância.
Quando já não se denota
Carinho e compaixão.
Quando o ser está amargo
E estragado.
Quando este não se suporta
E só vê agressão.
Quando poderia ser melhor
Se abrissem os olhos
E sentissem a fome,
Se não houvesse tanta
Distância.
Tomar uma certa distância,
Correr e desprender um brutal
Chute no saco.
A Distância é algo...
Algumas pessoas só cantam,
Outras apenas falam,
Algumas raras cantam e falam,
Outras apenas escrevem,
Mas a maioria dança.
Visto que toda cesta de guloseimas havia caído,
Foi possível apenas medir as conseqüências,
Já que ela estava ali, acontecida perante aos
Olhos desatentos.
Se todos os seios olhassem para o chão,
Teriam olhos.
Morrem se fosse bom,
Todo mundo morreria.
Os fogos estouravam quando deixei o ônibus,
Estava no centro.
A manifestação em se ápice.
O hino era cantado em lágrimas.
A multidão empolgada.
Estava ali, simples cidadão triste
Por não estar bem,
Sem nenhum ânimo.
Nem para olhar a multidão eufórica I.
Fui, joguei na loto acumulada,
Atravessei a rua entre carros buzinando.
Desviei minha cabeça de bandeiras vermelhas.
Fiquei com pena de meu próprio reflexo.
Queria apenas dinheiro, sim dinheiro
Limpo no bolso.
O país, a política, os estudantes e o povo
Não sabiam disto, e muito menos do resto.
Senti muda boca calar-me.
Não havia ninguém para ouvir
Meu súbito pensamento.
Literalmente só na multidão.
Dinheiro, materialista
Em meio a tanta euforia II.
Fugi de minha procura, e não me procurava,
Outro alguém, que era minha fuga.
Fui sozinho.
Não posso lembra,
É proibido.
É lembrança do não-acontecido.
É tempo perdido.
Para não rimar, mesmo,
Não posso lembrar.
A noite é igual.
As faces são iguais.
Tudo é plural.
Onde o ser é singular.
A noite está sozinha.
Há várias luzes.
Todas isoladas.
Tudo permanece como o dia.
Mais vazio.
As ruas aparentam um só,
Escuras e vazias.
A noite guarda as pessoas,
E tudo se torna mais calmo.
Frio, silencioso, escuro.
Onde o mistério é apenas
A sombra entre casa poste.
Só no silêncio da noite
É possível escutar
O que o dia emudeceu.
A noite ainda é um ponto
Isolado do dia.
Na noite os olhos
Pedem luz.
Na noite os olhos
Tentam ver,
A luz que o dia derramou,
Que is olhos viram
E perderam de vista.
O que escrevo espelha a decadência.
Transmitindo aquilo que esta errado,
E que olhamos com muita dó e falamos:
“Puxa, que pena, poderia ter dado certo...”
Dó e penas são os sentimentos de uma
Boa primeira leitura.
É como ver um palhaço,
Que após tentar fazer a platéia rir,
Desiste e começa a chorar,
Contando velhas histórias amarguradas,
E delas o público ri,
E ele continua ali, no centro do palco,
Com a pintura borrada (decadente convicto),
Chorando suas histórias tristes e desnecessárias.
Ouvi e não entendi,
Confirmei com um sorriso,
Continuei sem entender,
Tornei a sorrir,
Ouvi mais uma vez,
Agora entenderei!
Torno a sorrir,
Como a entender.
Difícil era entender
Tudo aquilo que ouvia,
Melhor era não escutar.
Como responder?
Se o que ouvi talvez
Nem fosse pergunta.
Sorrir era a saída
Naquele momento.
Entender era a moda,
Entender era o motivo,
E a existência.
Sem entender
Era falsificar a
Felicidade.
Era não fazer jus
Aos ouvidos.
O pior era continuar
A ouvir com empolgação,
Sem entender.
Tendo como única
Saída: sorrir.
Sorrir como a entender,
Com satisfação,
Satisfação... Qual?
Qual entendimento?
Pensava sem poder
Entender poder
Dado para o motivo,
Dado para entender.
Não havia como
Entender
As palavras
Pareciam soltas
Sem significado ou
Ligação entre elas.
Só entendia
A entonação comum
Da mesma língua,
Língua usada apenas
Na emissão de mensagem.
Para sorrir não
Era necessário,
A língua que queria usar,
Estava sem uso,
Estava sem significado.
O triste era que há
Mensagem para ser
Compreendida.
Sorri sem parar,
Sem parar para
Quem sabe desistir
De falar,
E
Eu não precisasse falar.
Eu não precisasse ouvir.
Eu não precisasse sorrir.
Eu não precisasse entender.
Sorrir, sorrir, sorrir.
Então ri, as gargalhadas.
As gargalhadas para o meu
Espanto causou empolgação
Do ser falante.
Ria instintivamente.
Anos se passaram.
Entender não era
Objetivo moda motivo.
Ouvia sem entender.
O tom cansado
Cansado ser falante.
Ria já frenética-
Mente dolorida-
Mente automática-
Mente entorpecida-
Mente sorridente-
Mente mente-
Ira objetiva-
Mente sem mente para
Entender e morrer.
Estavam ali, quietas.
Quatro rodelas de massa, sobrepostas dentro da vitrina.
Não estavam as sós sobre o pires, lá no canto direito da vitrina de frios,
Haviam também duas lingüiças ressecadas, alguns temperos (catchup, mostarda).
As quatro rodelas de massa nada falavam, estavam calmas e meio amareladas,
Não de velhice, mas de um breve e seco molho derramado em cada uma das
Superfícies irregulares.
Elas tinham o mesmo tamanho circular, mas de formas imperfeitas.
Definitivamente não eram obras de arte.
Transmitiam um aspecto comestível?
Quatro rodelas em crise existencial.
Ali naquela situação elas não eram quase nada, sem utilidade.
Veio gorda senhora com sua amiga, talvez vinda de alguma igreja próxima, aproximou-se
Da vitrina, apontando e dizendo com todas as letras: “Olha! São Pizzas!!!”.
Havia duas caixas sobrepostas sobre a enorme mesa de madeira envernizada.
Uma menor e a outra embalada em um papel de presente estampado com ursinhos fofinhos.
Duas caixas sobrepostas, não com alguma utilidade prática, nem algum motivo aleatório,
Apenas lá, uma sobre a outra, sobre a mesa de madeira envernizada.
Mas isto já foi dito.
Para fim do tédio:
Havia lá também um envolvimento místico tedioso, que tinha como finalidade afirmar o que
Realmente estava acontecendo.
Isto fazia com que os ursinhos fofinhos estampados no papel de presente que embalava a caixa maior,
Não fosse apenas ursinhos fofinhos, mas também ursinhos fofinhos estampados no papel, usado para
Embalar a caixa maior, que sustentava a caixa menor, e era sustentado pela mesa de madeira envernizada.
Compositor: Jean Grimard