(Sobre a beira de uma estrada eu me encontrei com um velhinho Que ao me ver churrasqueando me pediu um pedacinho E me contou coitado todo, todo o seu passado que teve no seu caminho Senhor eu sou um homem velho, mas sou um velho de brio Eu nunca fui vagabundo eu vivo assim pelo mundo tristonho sem ter auxilio, mas fui homem que trabalhei E gastei tudo o que ganhei para dar estudo ao meu filho Foi pena que esse meu filho depois de moço formado Casou-se com uma moça filha de um rico afamado E ela me escorraçou e o meu filho concordou Por isso eu vivo atirado assim faço meus trabalhos Já velho sem agasalho e eles num bom sobrado Minha mulher de paixão já está embaixo do chão Não vive mais a meu lado e ainda por judiação Me correm do seu portão esquecendo o seu passado)
Manda os criados me correrem do portão E o meu filho nem sequer na porta sai Agrada o sogro que é o pai da mulher dele Por causa dela esqueceu que eu sou seu pai E nem sequer reconhece o sacrifício Que eu fiz na vida pra manter o seu estudo Não guardei nada para manter a velhice Porque eu com ele o que eu tinha eu gastei tudo
Hoje velhinho enfraquecido desse jeito E solitário no mundo sofrendo assim Maldito estudo que eu lhe dei sem ter proveito Ser pai de filho e não ter ninguém por mim Quando eu tombar no meu derradeiro sono Faça uma cova e uma cruz de pau do mato E um letreiro: Morre um pai no abandono Por dar estudo a um filho tão ingrato
por nelson de campos
Compositor: Leovegildo Jose de Freitas (Gildo de Freitas) ECAD: Obra #2285189 Fonograma #2517249