Minha mulher é alta magricela Não me roubaram por ser muito feia Pobre coitada de passar miséria Anda acordada, mas sempre vareia
Não tem mais força para ralhar com o filho A sua voz está tão fraquinha e rouca Lavar pra fora ela também não pode As suas forças estão muito pouca
A criançada lá da vizinhança Já chamam ela de magrela louca Sou um marido bastante infeliz Ela só tem é pescoço e nariz
E não tem um caco de dente na boca Já somos pais de doze filhinhos Tem dez machinhos Tem duas prendas
As roupas delas são todas floreadas Porque são feitas de várias fazendas A mulher corta da roupinha velha Vai ajeitando e depois remenda
Agora sim estou vivendo apertado Estou vendo o jeito que vou ser multado Porque não fiz declarações de renda
(É brabo, mas é queijo, dizia uma velha comendo um pedaço de sabão) Minhas crianças que vão pro colégio Não levam nada pra sua merenda Porque eu de tanto me atrasar com as contas Estou de mal com o dono da venda E a rapadura que eu comprei fiado Eu não paguei pro dono da tenda Minha mulher toda noite sonha Que ai promessa da tal de cegonha E vai vir mais cinco pra nóis de encomenda
(Para com isso mulher véia)
Por nelson de campos
Compositor: Leovegildo Jose de Freitas (Gildo de Freitas) ECAD: Obra #2286112