Plebeu refém, alado, sorriu, me falou que estava à toa Salvo da proa, sem sequer ter vivido um grande amor Perdido assim, eu amante, governante que sou Ofereci meu romance, calado, num conduto, o meu calor Entre a cruz e a espada, jogo o jôgo, paixão parada Crio essa história, numa esperança de luta e penhor Dupla estrada, inferno de segredos, cruzada de amor
Eu me torno protetor, me prometo fervor Do plebeu, me torno seu senhor Coração: feudo onde impera a dor Reúno muitas jóias, conto tantas histórias Estendo a mão, falo de memórias Vivo de ilusão. E do sonho, espero vitórias Mas... dum além, surge alguém Outro refém, que dizia ser, meu temor Seu humano, seu bem. Ar parado E eu, rei bobo apaixonado
E o tal plebeu se dizia ser carente e sem paixão Noutra companhia, agora desfila Faz o rei bobo apaixonado, reinar sem noção
Por quase abandono ao trono Razão na paixão que ainda brilha Decreto esse amor sem dono Exilando em uma ilha Deixei de lado um reino que eu cuidaria e Por colocar outro no meu lugar que eu reinaria Condeno à espera eterna esse amor antigo Desabrigo, falseado numa máscara de amigo Retorno à coroa, esquecendo o pedido Do plebeu que agora, por si, se cria E eu, rei bobo apaixonado, quietinho, coroado Pareço um cãozinho, mansinho, triste, de lado
E o tal plebeu se dizia, ser carente e sem paixão Noutra companhia, agora desfila Faz o rei, bobo apaixonado, reinar sem noção
E daí? Já não me interesso mais pelo que você pretendia De rei me tornei carrasco. Sentença? Pediu o que não queria! Um reino de amor se perdeu, porque doeu Plebeu não mais procurado. Executado, morreu!