Itamaracá e José Nilton

Anos Dourados

Itamaracá e José Nilton


Olhando a terra esquecida ainda me lembro
Foram lindos dias, final de setembro
Uma esperança nascia no peito
A gente preparava a terra para a plantação
O pranto do céu encharcava o chão
E o ribeirão saía do leito

À tarde a buscar o peixe na água barrenta
A noite fechava com nuvens cinzentas
Sinal que amanhã vai chover outra vez
Feliz a gente esperava a planta brotar
E o cheiro de verde invadia o ar
Cobrindo a terra sem ter timidez

Pego na mão do destino
Volto a ser menino, preciso sonhar
Me levo de volta ao passado
Nos anos dourados eu quero brincar

Aonde anda a ciganinha
Que traçou as linhas do meu coração?
Adivinhou a minha sorte
Mas não viu que a morte voltava ao sertão

Aqui na cidade a fome está tirando vidas
O dono da terra não planta comida
E o boi que ele engorda é para exportação
O verde que cobre o chão hoje é só capim
Na terra ociosa só se vê cupim
No lugar que a gente plantava feijão

Agora trocaram lavoura pela invernada
E o sonho se foi no fio da enxada
E o homem do campo deixou o sertão
Hoje somos imigrantes da periferia
E o velho sonho morre a cada dia
De ainda se ter um pedaço de chão

Pego na mão do destino
Volto a ser menino, preciso sonhar
Me levo de volta ao passado
Nos anos dourados eu quero brincar

Aonde anda a ciganinha
Que traçou as linhas do meu coração?
Adivinhou a minha sorte
Mas não viu que a morte voltava ao sertão

Compositores: Ademar Benedito dos Santos (Itamaraca), Carmen Irene Pantaroto (Carminha Pantaroto)
ECAD: Obra #123535

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