Desde que a vida pulsara No ventre xucro da terra Existe uma eterna guerra Que ao nosso milênio vara A gente às vezes compara O bem e o mal com um ser Mas a bênção de viver Provém de ações divinas E não de reações sovinas Do humano em seu querer
Na insistência de existir O bem e o mal não têm forma O bem é mão que conforma E o mal é lança a ferir Pois o chorar, o sorrir, A agressão e o alento Brotam sempre do intento O bem que às vezes se cala E o mal que provém da fala São balas do pensamento
A cada cristão nascido O rumo é sempre distinto A mente é um labirinto De um mundo desconhecido Há sempre algo escondido Nos becos da alma humana O bem é poder que irmana Fruto da mente sadia O mal, poder que se cria Nos peraus da mente insana
Ambos possuem poder Num confronto milenar Sem que se possa tocar E sem que se possa ver Descrentes fiéis a crer Nos catecismos e aulas Nas fronteiras e nas jaulas As mentes se enraizam Ambos se materializam Em corpos tauras e maulas
O maula tem alma bruta Mui chegada a uma intriga O taura despreza a briga Porém não foge da luta Se quer aprender, escuta E tudo o que sabe, ensina O maula já faz a sina De viver no descaminho E por maleva e mesquinho Vende su'alma ladina
O taura nasce igual Ao maula recém nascido Mas o rumo é dividido Um pro bem, outro pro mal O taura tem o ideal De honra e de liberdade O maula é, na verdade, O que vive em desatino Culpando o próprio destino Por seus atos de maldade
O taura tem seu conceito Justo, valente e sensato Sua estampa é um retrato De hombridade e respeito Na semeadura do peito Tem a seara do bem Virtudes que vão além Da sua própria existência Humilde por excelência Não querer ser mais que ninguém
O maula é diferente: É invejoso e traiçoeiro Parece grande parceiro Quando está na nossa frente Sorrateiro, sorridente, Não é de meter pendenga Que a covardia andarenga Se comporta desse jeito Treme a perna peito a peito Por tras nos crava a xerenga
Até quando esta sangria Vai jorrar entre os humanos? Quantos milhares de anos Pra nascer um novo dia? Por que sempre a poesia Perde o encanto pra guerra? Por que até taura erra Mesmo com boa intenção? Por que o sangue é perdão Pra todos maulas da Terra?
Compositores: Raul Carlos Quiroga Coronel (Raul Quiroga), Paulo Taylor de Freitas Mendonca (Paulo de Freitas Mendonca), Jadir Adolfo Soares de Oliveira (Jadir Oliveira) ECAD: Obra #1001024