Jadir Oliveira
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Tauras E Maulas

Jadir Oliveira


Desde que a vida pulsara
No ventre xucro da terra
Existe uma eterna guerra
Que ao nosso milênio vara
A gente às vezes compara
O bem e o mal com um ser
Mas a bênção de viver
Provém de ações divinas
E não de reações sovinas
Do humano em seu querer

Na insistência de existir
O bem e o mal não têm forma
O bem é mão que conforma
E o mal é lança a ferir
Pois o chorar, o sorrir,
A agressão e o alento
Brotam sempre do intento
O bem que às vezes se cala
E o mal que provém da fala
São balas do pensamento

A cada cristão nascido
O rumo é sempre distinto
A mente é um labirinto
De um mundo desconhecido
Há sempre algo escondido
Nos becos da alma humana
O bem é poder que irmana
Fruto da mente sadia
O mal, poder que se cria
Nos peraus da mente insana

Ambos possuem poder
Num confronto milenar
Sem que se possa tocar
E sem que se possa ver
Descrentes fiéis a crer
Nos catecismos e aulas
Nas fronteiras e nas jaulas
As mentes se enraizam
Ambos se materializam
Em corpos tauras e maulas

O maula tem alma bruta
Mui chegada a uma intriga
O taura despreza a briga
Porém não foge da luta
Se quer aprender, escuta
E tudo o que sabe, ensina
O maula já faz a sina
De viver no descaminho
E por maleva e mesquinho
Vende su'alma ladina

O taura nasce igual
Ao maula recém nascido
Mas o rumo é dividido
Um pro bem, outro pro mal
O taura tem o ideal
De honra e de liberdade
O maula é, na verdade,
O que vive em desatino
Culpando o próprio destino
Por seus atos de maldade

O taura tem seu conceito
Justo, valente e sensato
Sua estampa é um retrato
De hombridade e respeito
Na semeadura do peito
Tem a seara do bem
Virtudes que vão além
Da sua própria existência
Humilde por excelência
Não querer ser mais que ninguém

O maula é diferente:
É invejoso e traiçoeiro
Parece grande parceiro
Quando está na nossa frente
Sorrateiro, sorridente,
Não é de meter pendenga
Que a covardia andarenga
Se comporta desse jeito
Treme a perna peito a peito
Por tras nos crava a xerenga

Até quando esta sangria
Vai jorrar entre os humanos?
Quantos milhares de anos
Pra nascer um novo dia?
Por que sempre a poesia
Perde o encanto pra guerra?
Por que até taura erra
Mesmo com boa intenção?
Por que o sangue é perdão
Pra todos maulas da Terra?

Compositores: Raul Carlos Quiroga Coronel (Raul Quiroga), Paulo Taylor de Freitas Mendonca (Paulo de Freitas Mendonca), Jadir Adolfo Soares de Oliveira (Jadir Oliveira)
ECAD: Obra #1001024

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