Um touro escavando terra Num pelado de rodeio Arma-se um temporal feio Tal qual um tendeu de guerra O céu encosta na serra Mostrando um negror profundo Um raio em um segundo Rasga o céu sem direção E a garganta de um trovão Parece engolir o mundo
A bicharada se escapa Da fúria do aguaceiro Uma gateada com cria Busca o galpão do potreiro E a brazina tambeira Se planta junto à porteira Berra chamando o terneiro
Uma garça solitária Que se desgarrou do bando Voa procurando pouso Sumindo de vez em quando Num vôo silente e rasteiro Tal qual um barco costeiro Camuflando um contrabando
A chuvarada desaba Inundando o pastiçal E o vento, senhor dos campos, Vai cimbrando o pajonal Na sabença dos antigos A fúria de um temporal São bênçãos santas do céu Lavando a Terra do mal
Depois que passa a enxurrada Toda a natureza muda Até as nuvens barrigudas Já se dispersam delgadas O espelho das aguadas Borda-se de chuvisqueiro O arco-íris inteiro Quando o sol vem ressurgindo Molda o quadro mais lindo Que Deus pintou pra um campeiro
Compositores: Jadir Adolfo Soares de Oliveira (Jadir Oliveira), Marco Antonio Machado Alves (Marco Barbosa) ECAD: Obra #1310314