Desquinando um tento baio O minuano assobiando Ouvi um buenas parceiro Estranhei que alguém chegasse Sem que o cachorro anunciasse Se apeou e foi entrando
Os ombros meio curvados de quem a vida domara E que nunca mais trançara Mãos domadas pela vida Apertei com força os calos Juntas grossas doloridas
Só vim pra tomar um mate E fazer uma encomenda Quanto vale um aparelho Pra cabeça da gateada Sem argolas, sem floreios Que caiba nos meus trocados
O preço é da minha alçada Entrego no fim do inverno Um trançador já no cerno Que o tempo vinha judiando Sorveu o mate de estrivo E se mandou a la cria
Pelei um couro brasino Flor cor de cedro queimado Que realçasse o prateado das argolas mais bonitas Bombas em ouro bordadas Por espanholas malditas
Nas tiras das nazarenas Lonca fina trabalhada A cabeçada de doze Oito, cabresto e bucal Que embuçalasse um bagual Não uma égua cansada
As rédeas de trança achar Pra diferenciar do laço Nas palmas cravada a marca Já sem cabo enferrujada Um dia a velha gateada Se queimou naquela marca
Com os olhos marejados Vaidoso entreguei a obra Tinha mais dele na trança Do que nas minhas andanças Me ensinara aquela arte De trançador não se cobra
De trançador não se cobra.
Compositores: Lanes Cardeal, Heleno Alter Santos Cardeal (Heleno Cardeal) ECAD: Obra #3434061 Fonograma #11440459