Nada se compara com a vida na roça a simples palhoça no alto da serra O canto do galo acordando o terreiro o gado leiteiro o bezerro que berra O sol apontando dispersando a relva a orquestra da selva se mostra a cantar O caboclo matuto se embrenha no mato com um fino trato sua mão a calejar
No fogão de barro a lenha queimando espalhando a fragrância do amanhecer Um leite tão puro vindo da mangueira o café na chaleira pro fogo aquecer O queijo curado e a broa de milho tratando dos filhos para estudar Lá pras dez e pouco prepara a merenda debaixo da tenda pra saborear
Um solo tão rico tão acolhedor de braços abertos para aconchegar A muda de planta ou a nova semente esforço veemente pro pão não faltar A água caindo no chão fecundando misturada ao pranto do trabalhador Na beira da bica reduz o seu passo lavando o mormaço, o cansaço e o suor
Na hora da reza o sertão em prece à Deus agradece a boa ventura A horta, a tuia, o pomar e a moenda, repleto de prenda cheio de fartura No céu vermelhado o Rei se despede promete no outro dia retornar A noite descamba repleta de estrelas e a Rainha faceira vem iluminar
No fim de semana chega a regalia com uma pescaria para relaxar Nas festas da roça tem muita alegria, dança de catira pra sapatear O som da sanfona alegra o terreiro e um bom violeiro pras modas cantar Trazendo o passado perto do presente fazendo a saudade vir nos visitar