Meu poncho velho crinudo de tanto andar em tropeada Hoje que não tenho nada parece que tenho tudo Nessa maciez de veludo com baeta colorada Te ganhei num jogo de osso perto de Montevidéo Onde foi pro beleléo um índio do berro grosso E sobraste do retoço como um presente do céu
Nesse teu pano há sinuelos de mil rodeios bravios De campos matos e rios entreverados com pêlo E manojos de cabelos de todos os rancherios
Dum comércio de carreira me lembro, poncho pachola Veio esse rasgão na gola de uma faca carneadeira Um sotreta calaveira que deixei vivo de esmola
Rancho de gola e baeta, poncho pátria castelhano Te estendo de todo o pano como toalha de carpeta Ou cortina de carreta pro chinaredo cigano Às vezes meu poncho pátria até chego a imaginar Que um dia vais me abrigar na quincha da noite preta Quando explodir o planeta num holocausto nuclear
Compositores: Jayme Caetano Braun (ABRAMUS), Joao Luiz Nolte Martins (Joca Martins) (ABRAMUS)Editor: Terra Sul (SOCINPRO)Publicado em 2005 (05/Jul) e lançado em 2005 (01/Ago)ECAD verificado obra #1634363 e fonograma #934034 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM