Jorge Palma

Uma Vez

Jorge Palma


Deixa caír
Aposto que não passa do chão
À devida distância
Uma queda pode ser apenas percussão

Deixa morrer
O gesto que começou mal
Depois vai ter tempo
De reconstruir a tua catedral

Uma vez
Era o rei e o bobo
Separaram-se até mais ver
Mas não deixaram de se corresponder
Uma vez
Era o belo e o monstro
Também esses fizeram planos
De nunca mais deixarem de se entender

Conheço alguém
De quem mal me consigo lembrar
Abençoado quem tem quem
De vez em quando o venha visitar

Na tua mão
Pressinto um futuro feliz
Tira o lápis da boca
E escreve o que a solidão te diz

Uma vez
Era o génio e o louco
Separaram-se até mais ver
Mas não deixaram de se corresponder

Uma vez
Era o choro e o riso
Também esses fizeram planos
De nunca mais deixarem de se entender

Rui Malheiro e Tiago Leitão

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