Dentro dos olhos vidrados no céu A noite não perdoava As tempestades, retrocedendo, limpavam meu coração Nuvens deixavam meu corpo dançando em volta do mesmo calor Que o chão guardava do Sol, que os pés jogavam no ar
Todas as tardes as ruas inventam doenças para curar Os urubus vestem ternos de fibra e corpos para fingir Que a solução pra essa dor é mentir, é lesar e depois se esconder Eu sinto falta de mim, quando ninguém aparece e explode
Silmar Saraiva tentou ser um santo depois de se machucar O povo gosta de rir. O povo quer brincar O povo quer carnaval, quer um dia tranquilo e morrer em paz A parabólica bebe do espaço todo veneno, feliz Enquanto as máquinas gemem de amor, outra mulher se despede do tempo
Dentro dos olhos vidrados no céu, a noite não terminava Nas casas frias, longe de mim, outra canção insistia Que o corpo fosse um largo sem fim sonhando ser outra vez uma cidade Repleto de rio e flor, portas abertas, enfim Cada pedaço espalhado germina com medo de se perguntar Ontem foi água Depois tem fogo É tão difícil saber
Dentro dos olhos vidrados no céu A noite só respondia em silêncio Quem viu a cor do jardim, quem trouxe o som dos canhões Quem levantou as crianças das pedras, quem conseguir escapar
Compositor: Juliano Ferreira de Paula (Juliano Gauche) ECAD: Obra #17519232 Fonograma #15928069