Quando o pé acerta o rumo A estrada se orienta Cada passo que se inventa Pisa o chão e toma prumo Cada fruta tem seu sumo Cada hora, o seu momento Cada folha tem seu vento Quando a areia se levanta A imensidão é tanta Que arrebenta o pensamento?
Longe, nuvens tão imensas Deslizando, carregadas Como ondas disparadas São tão leves e tão densas São embarcações intensas São cargueiros libertados São navios naufragados São veleiros, são escunas Navegando pelas dunas Desses olhos marejados?
Já o mar tem duas rotas Quando é dia e tudo brilha A correnteza é uma trilha No traçado das ilhotas Voam mais que gaivotas No desejo, que é tão grande Não há cria que desande Tudo é vasto, tudo é certo Nesse carnaval deserto Onde a alma se expande?
Mas, se é noite, o mar serena E adormece pensativo Sem anseio e sem motivo Sua mansidão é plena Mesmo a estrela tão pequena Deve ter alguém que aponte Mesmo que a manhã desponte É tão doce a maresia Toda linha se desfia Menos essa do horizonte
Compositor: Juliano Ferreira Holanda de Melo (Juliano Holanda) ECAD: Obra #12564666 Fonograma #2502308